Ainda
gostava de saber, de quem partiu esta "brilhante" ideia, de que o
melhor é fazer-se um segundo referendo ao Brexit. Foste tu, não foste,
João-Cláudio? Como se um segundo referendo tivesse um resultado mais legítimo
do que o primeiro. Afinal, o que pensa a Europa? Que os ingleses só votaram a
favor do Brexit, porque queriam ver, se o David Cameron, com cara de parvo,
ficava muito diferente do habitual?! Ou que, depois de meses e meses de
bullying europeu, já devem ter convencido mariquinhas suficientes a mudar de
ideias e a votar "Remain" desta vez?
Deve
ser a segunda, porque agora a nova moda é espalhar o boato, que depois do
Brexit, vai haver fome no Reino Unido. Com franqueza! Quanta treta num só
argumento… É por estas coisas que fico mesmo a pensar, que a Europa ou acha que
somos estúpidos ou tem é muito medo, que o Brexit seja um sucesso, a economia
do Reino Unido comece aí a bombar e descobrimos todos que os eurocratas não
servem para mais nada, que não seja estourar o nosso dinheiro e empecilhar as
nossas vidas, será? Sei que estou a exagerar. Não sou assim tão pessimista… Mas
os ingleses a passar fome? A sério?! Quanto muito vão ter de comer a comida de
merda deles; e beber o vinho de merda deles; e comer a merda do queijo que eles
fazem e aquelas batatas fritas com sabor a leite aziumado… Ugh! Que horror! Não
lhes invejo a sorte, mas também nunca vi alguém morrer de fome por comer fish
& chips todos os dias - been there, done that, still here!
Por
isso deixo o meu conselho à Europa: não façam esse jogo de que o Reino Unido
vai ser o novo Iémen, porque isso faz-vos parecer a nova Arábia Saudita. Não
fica nada bem.
Percebi
que este pedido para um segundo referendo ao Brexit, só podia ser uma farsa,
quando vi o Joseph Muscat, primeiro-ministro de Malta, a servir de porta-voz da
vontade dos líderes europeus, para que haja um segundo referendo ao Brexit. O
que se passou nessas cabeças europeias?! Querem gozar com a Theresa May? Ou
tentar branquear a imagem mais que suja do Sr. Joseph Muscat? É que a primeira
ainda aceito que faça parte do jogo político da Europa. A segunda NÃO ACEITO!
E
não foi um incidente isolado na Europa. Ainda há pouco tempo vi o
primeiro-ministro maltês ser recebido aqui, na MINHA Lisboa, com sorrisos e
abraços e o anfitrião era, nada mais nada menos, que o Partido Socialista
Europeu. E mesmo depois de o seu discurso ter a voz de fundo da Ana Gomes - the
one and only - a avisar: "Shame! Shame! Shame! You support
corruption!" Não é que o escroque saiu do palco, para ser recebido com
palmadinha nas costas, pelos primeiros-ministros português e espanhol. Que
vergonha! Parecem todos iguais. Não dá para ver quem é sério e quem não é, quem
presta e quem não presta. Confesso que até tinha uma pequena crush pelo
primeiro-ministro espanhol e FOI-SE!
Mas
voltando ao segundo referendo do Brexit, lá está, se foi para fazer pouco da
Theresa May é de génio escolher o Joseph Muscat para o papel. Um primeiro-ministro
que se recusa a fazer um inquérito público, sobre o assassinato à bomba de uma
jornalista, a pedir um segundo referendo à primeira-ministra inglesa… Tu és um
pândegas, João-Cláudio! E sou pessoa de respeitar isso. Só o que não teve muita
piada foram os 2 minutos em que o Joseph passou por homem de Estado, para tu
poderes gozar com a cara da Theresa May.
É que o estado em que está o Estado desse escroque que fizeste passar por homem
de Estado, está mesmo em péssimo estado. Os cidadãos europeus são capazes de
começar a pensar, que a "Europa" está mais preocupada com as contas
em dia do que com o Estado de Direito e a Liberdade de Imprensa. Fico com
inveja dos ingleses e do Brexit quando vejo estas coisas. Depois vejo as
broncas do Aron Banks e passa-me um bocado…
Tem
sido assim de há uns tempos para cá: Sair ou não sair da Europa? Eis a questão!
De um lado, uma união que só serve para juntar os mais fortes contra o elo mais
fraco - os gregos, os portugueses e agora o Reino Unido - e do outro: as fake
news, o desprezo pelos jornalistas e pela informação, dinheiro sujo, a Rússia…
O que fazer?!
Na
minha muito modesta opinião, a Europa só tem um caminho e é pôr em prática o
que disse aquele senhor holandês, que se recusou a participar nas celebrações
de Valetta Capital da Cultura, fazendo a seguinte afirmação: "This is not
Russia!" E estou em crer que não foi por acaso que ele disse
"Russia" e não disse "Azerbeijan" ou "China". É
porque o assassinato da jornalista maltesa, Daphne Caruana Galizia, em Outubro
do ano passado, é a Anna Politkovskaya all over again… Só que à bomba e na
União Europeia.
Lembro-me
bem da primeira vez que li sobre este caso e não queria crer. Em plena União
Europeia, como é que isto é possível?! A seguir fui ler - só alguns - textos do
seu blog "Running Commentary" e entendi. Era um génio. Não há nada
sobre o que ela não escrevesse, mais parece as páginas amarelas da corrupção. Até
a Isabel de Angola lá está, acompanhada de um mano e um par de advogados portugueses. Aliás, não há nada sobre que não escrevesse, não é bem assim,
nunca escreveu nada sobre os três estarolas malteses acusados de lhe porem uma
bomba no carro. O que leva a crer, que os que estão presos, não eram os que
tinham a ganhar com o seu silêncio.
Mas
voltando à Rússia - salvo seja! - e ao por quê de esta história fazer lembrar o
modus operandi soviético e não a Turquia ou a Coreia do Norte. Para começar, a
bomba. Nos últimos anos já tinha havido outros atentados à bomba em Malta, mas
a bomba que matou a jornalista Daphne Caruana Galizia, dizem, era diferente de
todos os outros casos. Em primeiro lugar, era feita de TNT, o que não acontecia
nos restantes casos, em que o material usado era Semtex. E, em segundo lugar, a
quantidade de explosivo utilizada era muito superior à necessária para fazer o
"serviço". O que significa, que a bomba que colocaram no carro da
jornalista maltesa, Daphne Caruana Galizia, não tinha apenas o propósito de a
matar. Tinha também o propósito de passar uma mensagem de terror e medo.
(O
mais engraçado é que no mesmo artigo em que li sobre isto das bombas,
esclareciam também, que o TNT é uma substância facilmente encontrada nas dúzias
de campos de fogo-de-artifício que existem na ilha e noutro ponto do texto, bem
distante, por sinal - se calhar para ninguém fazer a mesma associação que vou
fazer agora - que o primeiro-ministro de Malta é filho de uma espécie de
magnata do fogo-de-artifício. Para quem gosta de teorias da conspiração,
divirtam-se!)
Ora,
um reles mafioso, apenas preocupado com o seu negócio do tráfico ou doutra
coisa qualquer, não precisa de mandar mensagens ao resto do país. Precisa do
serviço feito. Quanto menos estrondo melhor… E não é preciso ser nenhum
Sherlock para saber quem tem interesse em mandar mensagens ao país. Sobretudo
quando a jornalista em causa todos as semanas escreve textos absolutamente
letais sobre os negócios escuros do Governo com a venda de passaportes e sobre
os trafulhas que vão lavar dinheiro a Malta e ajudam a encher ainda mais os
bolsos de ministros do Governo.
Já
vos cheira a Rússia?
Era
tal o "estrago" que esta senhora fazia em Malta, que à data do seu
assassinato tinha, nada mais, nada menos, do que 47 processos judiciais. Grande
parte deles movidos por membros do próprio governo. Os restantes por gente da
banca e dos negócios com relações próximas ao governo maltês. Aliás, se aprendi
uma coisa com esta história é que o valor de um jornalista não se mede pela
quantidade de prémios que recebe - e Oh! Se tem recebido prémios… já lhes perdi
a conta - mas pela quantidade de processos judiciais que consegue causar. Há um
artigo da Sr.ª Caruana Galizia que causou tamanha azia a um trafulha do
imobiliário, que ele conseguiu instaurar-lhe 19 processos de difamação só por
causa de um texto. 19!!! Querem melhor prova de que estava a fazer um bom
trabalho. Ainda assim, é muito deprimente, que em plena União Europeia, estes mafiosos
não só não tenham medo dos Tribunais, como até os usem para perseguir quem os
tenta desmascarar.
Em
conclusão: se a Europa não é a Rússia, convinha que estas coisas não
acontecessem na União Sovi… Europeia. E é este o meu problema com esta União
Sovié… Europeia, não só não faz nada para evitar os casos de corrupção que
grassam nos seus membros, minam toda a salubridade do sistema e matam os
jornalistas que a investigam - em menos de um ano já foram três! - como quer-me
parecer que a forma como esta União Soviét… Europeia funciona, acaba por
potenciar estas situações, porque o crime não tem fronteiras dentro da Europa,
mas a policia e os tribunais têm. Assim não dá!
E
depois admiram-se dos fascistas que florescem por aqui. E patrocinados pelo Putin.
O que une esta gente? Será o mesmo gosto por roupa bem fresca e lavada?! Diz
que temos das melhores lavandarias do mundo aqui na Europa…