sábado, 20 de setembro de 2014

E se a Escócia sair, podemos entrar no lugar deles?... Primeiras!!!

Gosto muito de ingleses, não fossem eles e eu não sabia falar inglês. O que não seria dramático, se a minha mãe não fosse, elle-même, professora de inglês. Ao que parece, é um bocado chato ser professora de inglês e ter, na mesma escola, uma filha, que tem nega a inglês. Acho que a minha mãe era vítima de bulling, na sala dos stôres... E foi assim, que eu acabei, por duas vezes, a viver com uma família inglesa e numa escola de inglês, com gente de todo o mundo, (russos, africanos, árabes, japoneses, latinos dos dois lados do atlântico, etc.), menos ingleses. Aprendi muito nesta escola, o mais importante, que quando estás numa escola, com gente estrangeira de todo o mundo e há merda, foi um italiano, certamente, ou dois. A segunda é que há muita gente doida por esse mundo afora e embora as minhas famílias inglesas, (sobretudo a segunda), não fossem propriamente um modelo de higiene, boas maneiras e sensatez, era sempre um alívio regressar a casa, aos abraços deles, (eles não gostam muito de beijos).
Mas, adiante, falo do meu amor pelos ingleses, porque podem não ser os mais inteligentes, nem os mais charmosos e às vezes são um bocado brutos, mas têm um sentido de humor impagável e uma frontalidade e um "poder de encaixe", que não se vê em mais lado nenhum do mundo.
Tudo para dizer, sobre o referendo da Escócia, que não percebo este ódio repentino aos ingleses. Sim, porque o problema, não é com os irlandeses, nem com os welshos e nem mesmo com o United Kingdom, em geral, é contra os meus ingleses, já se percebeu. E só para terem uma ideia de como os ingleses são, têm estado a tratar isto tudo, como um divórcio. A Spectator até lançou um desafio aos leitores, para escolherem a melhor frase, que convencesse a Escócia a ficar unida. Eu própria já anotei num caderninho, algumas "catch frases", para quando as coisas ficarem feias cá em casa. Uma espécie de manual de primeiros socorros, que podem salvar o seu relacionamento. Ainda assim, parece-me que o melhor argumento em favor do não sempre seria: "A sério que querem deixar a libra?! Seus idiotas!!!". Mas que sei eu, as minhas tentativas de salvar relacionamentos, têm saído todas goradas.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

HALF NELSON!!!

“A droga não é para quem quer, é para quem pode”!
Um amigo meu de infância diz muitas vezes isto e parece-me uma das frases mais acertadas que ouvi na vida. Resultado de más companhias?! Talvez…
Half Nelson é o filme que mais me marcou na vida, exactamente por isso. Abalou e pôs em causa um dos meus mitos. O professor, que se bem me lembro, nem se chama Nelson,  apresenta-se como um desses homens, que pode. Faz noitadas, usando de forma muito recreativa e aparentemente inofensiva, a rainha de todas elas, cocaína de seu nome. E sai-se muito bem. É querido pelos colegas, ouvido pelos alunos e goza de uma preferência maternal, por parte da directora da escola. A família irrita-o um bocado, a namorada deixou-o, (chegou à conclusão, que pertence aos que não podem), mas ele segue o seu caminho, a sua teoria, a sua crença e sai-se bem.
A grande "bomba" que o filme lançou na minha vida, é a mensagem clara que transmite. O comum dos mortais, que não pode, ou não quer, também comete erros e erros graves. Somos humanos pá! Usando das metáforas, (que é uma coisa que eu gosto de fazer), o comum dos mortais, quando cai, na pior das hipóteses, rola a encosta íngreme, rebola até lá abaixo, mas sobrevive. E se for preciso, levanta-se no momento e segue caminho rumo à montanha outra vez. Um bocado esgadanhado, é verdade, mas vivo e com energia para recomeçar. O crente, o viciado, o agarrado ou o drogado, quando cai, tem sempre uma  encosta mais íngreme e um fundo que parece não ter fim. Não acredito que tenha de ser necessariamente assim, mas, também, nunca me tinha deparado com imagens e argumentos tão poderosos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

EU TAMBÉM FIQUEI CHOCADA, MAS NO BOM SENTIDO!

A justiça neste país era cega, (de verdade que era e justiça lhe seja feita), mas era também muda, surda, um bocado autista e, recentemente, tinha ficado tetraplégica.
A justiça era lenta. Era. O governo do Sócrates foi uma merda. Foi. Mas criou o citius, a única coisa de jeito do simplex, pelo menos, nesta "jurisdição".
Os processos não passaram a correr de forma mais célere. Não passaram. Mas podiam ser consultados do escritório, podia ver-se quantos deles eram movimentados por dia e até quais, podiam entregar-se as peças, sem ter de ir ao correio, (esperar na fila, gastar dinheiro, confiar que o carteiro não é bêbado...). Podiam. Mas, a senhora ministra, com aquele espírito bem social democrata do: "se é socialista e funciona, bora estragar!" deu a machadada final e já não podem.
Por isso, também fiquei em choque, "camarada" Armando Vara! Todos pensamos, por estes dias, advogados e clientes, (nem sempre arguidos, graças a Deus), que desta vez, com aquela pancada, a justiça não se alevantava. Mas alevantou-se! E logo nesta semana, em que era suposto andar tudo a mudar de tribunal e a descarregar processos dos contentores. PUMBA! Todos condenados! O senhor Godinho 17 anos de prisão?! Até eu acho um exagero! A não ser, que o senhor tenha abusado de algum robalo, pelo caminho.
E aquela capa do correio da manhã, com o senhor Vara, muito chocado, como que a dizer: "A sério que a justiça funciona?!!!!!"
O país estava mesmo a precisar de um murro na mesa e veio de Aveiro. Um grande bem-haja para lá! Investigadores e procuradores e juízes, sôtôres em geral. Venham mais capas assim!