terça-feira, 17 de junho de 2014

SIM, SOU UM PSICOPATA, MAS SOU UM PSICOPATA DE ESQUERDA!

Nunca gostei de estranhos! Acho que é um "trauma" de infância. Tanto a minha mãe me disse para não falar com estranhos, que ainda hoje os estranhos incomodam-me e raramente lhes falo, mas divago... Eu não falo com estranhos, mas uma amiga minha falava e queria ir para o Lux com um, às 5 da manhã. Eu estava contra e disse-lhe justamente o que pensava: "Vais sair às 5 da manhã com um estranho Filipa?! Olha se calha de ser um psicopata?", que eu penso mesmo estas coisas dos estranhos, antes de os conhecer. Ora, fosse por a música já estar off, fosse por eu ter dito aquilo demasiado alto, o estranho ouviu e respondeu-me com a tal frase: "Sim, sou um psicopata, mas sou um psicopata de esquerda!". Escusado dizer que a minha resposta foi: "Camarada, porque não disseste logo, leva a minha amiga para onde quiseres!" E sim, a minha amiga foi ao Lux com um estranho, assumido psicopata de esquerda e está viva e de boa saúde, tanto física quanto mental, (ou, pelo menos, não está pior por causa disso).
Sejamos sinceros, um psicopata de esquerda não ia matar a minha amiga, porque os psicopatas de esquerda matam em massa. Aquele ódio pequenino contra o outro em concreto, seja porque é estrangeiro, negro, judeu,  ou surdo, (o caso da minha amiga), é uma coisa típica da psicopatia de direita. Já a psicopatia de esquerda, como todos sabemos, é uma coisa mais geral e aleatória, com bombas a explodir ou aviões atirados contra prédios, nunca morre só uma pessoa e muito menos por sair à noite e beber uns copos no Lux. E podem perguntar: quem disse que o estranho não estaria a preparar-se para matar em massa no Lux? Oh meus caros Watsons! Se o estranho tivesse como plano, naquela noite, matar em massa no Lux, certamente não estaria ali no Incógnito, a engatar a minha amiga. Ao contrário da direita, na esquerda, o ideal sobrepõe-se sempre ao romantismo.
Conto esta história para dizer, que não aceito e acho ridículo, aquele choradinho do "bloco da direita", sobre a "terrível" discriminação que sofrem, em favorecimento da extrema esquerda, porque uns podem concorrer a eleições e outros não, mas ambos mataram milhões, por isso não é justo, lá lá lá... lá lá lá...
Qual é a diferença? A diferença meus amigos, não está no molho, nem na pasta, mas, novamente, no ideal. A esquerda aniquila quem está contra o regime. Já para a direita, aniquilar é o regime. Aniquilar uma raça, uma etnia, uma condição, um grupo religioso, etc. Na direita há sempre um inimigo concreto. Na esquerda não. O inimigo é abstracto. É quem pensa contra e não quem és.
Claro que não desejo nenhuma das duas, mas vejo mais vantagens na segunda. Numa ditadura de esquerda podes ser um herói, já numa de direita, só te deixam ser mártir.
Quanto a Salazar? Salazar, claramente, era um ditador de esquerda. Basta lembrar o Portugal daquele tempo e parecemos a Roménia ou um qualquer outro país da Europa do leste.
Parece-me até que Salazar e o PCP português foram vítimas de uma espécie de dislexia política. Na Europa vivia-se o terror do fascismo, daí Salazar foi rotulado de fascista e aqueles homens heróicos que o combatiam, de comunistas.
Resultado prático desta confusão: a nossa constituição proíbe as organizações fascistas e de extrema direita, mas é condescendente com as de extrema esquerda. Parece-me justo!