quarta-feira, 27 de maio de 2015

A teoria é muito bonita, mas se as premissas estão erradas…

Se não me engano, era a grande Alcina Lameiras quem dizia: "Não negue à partida, uma ciência que desconhece". 
Também acho mal! Nunca façam isso! Se querem negar ciências, primeiro conheçam-nas.

No entanto, que eu me lembre, a grande Alcina Lameiras nunca disse nada, sobre mandar bitaites, acerca de ciências que desconhecemos e ainda bem, que me estragava um dos hobbies favoritos, como o exercício a que vou passar, em seguida.   

John Nash morreu esta semana, num acidente de automóvel. Sabia muito pouco sobre John Nash. Vi o filme e, como o comum dos mortais, só depois de o senhor falecer, é que me fui tentar informar do seu contributo, para a economia e a matemática.
Não tenho boas notícias. 
Comecei por ler os obituários e as notícias da ocasião e não percebi nada da teoria dos jogos, nem do equilíbrio de Nash. 
Felizmente, o Sr. Nash, quando concebeu a teoria dos jogos – seja lá o que isso for – concebeu também um exemplo prático, para que pessoas como eu – económica e matematicamente “challenged” – a pudessem perceber. 
É aqui que chegam as más notícias, porque o exemplo prático do Sr. John Nash, não bate certo com a realidade – e, por um lado, ainda bem que o senhor faleceu, que em vida, eu não tinha coragem de lhe dizer estas coisas.

Chama-se ao exemplo prático da teoria dos jogos, o dilema do prisioneiro. E em que consiste o dilema do prisioneiro?
Bom, há várias versões na net, mas, infelizmente, todas com a mesma premissa errada, o que me leva a crer, que o problema seja do John e não da net.
Vamos lá a saber então, em que consiste, o dilema do prisioneiro. Ora, o dilema do prisioneiro, não tem nada que enganar, é o típico dilema do prisioneiro, mais comummente chamado, o dilema do detido para primeiro interrogatório judicial, muito em risco de acabar prisioneiro.

Então imaginem que vocês e mais um amigo vosso cometem um crime. Um roubo, um assassinato, espancam gratuitamente uma pessoa, no meio da rua, só porque sim, no final de uma noite copos. E depois de terem cometido o crime, (roubo, assassinato, espancamento…), combinam, vocês e o vosso amigo, que caso aquilo dê asneira e a moina venha bater à vossa porta, ficam os dois de bico calado, ou dizem, quanto muito, que passaram aquela tarde juntos, a dar de comer aos pombos, no Parque Eduardo VII.

Verifica-se o pior dos cenários, a moina vem bater à vossa porta, leva-vos para a esquadra e a cada um de vocês é feita, separadamente, a seguinte proposta: se confessarem antes do vosso amigo, o crime que cometeram, tu levas um ano, e o teu amigo leva com a pena máxima para o crime, 10 anos. Sendo que, ficas bem ciente, que se for o teu amigo a aceitar primeiro, a proposta, é ele beneficiar do 1 ano e levas tu com a tarifa máxima de 10 anos. 

Mas as premissas do John não se ficam por aqui. Há mais duas. Ambos os prisioneiros, vocês e o vosso amigo, sabem, que se confessarem os dois, ao mesmo tempo, levam com a pena de 10 anos repartida ao meio, 5 para cada um. Porquê? Porque confessaram, colaboraram com a justiça, pouparam uma data de tempo ao tribunal, levam uma atenuação de 5 anos cada um, mas, ainda assim, sempre são 5 anos de pildra, para cumprir.

A partir daqui, é que tudo descamba, no dilema do prisioneiro de John Nash. Diz o John, na sua quarta premissa, que se ambos os prisioneiros ficarem calados, é a situação mais vantajosa para ambos, porque assim, apanham só dois anos de choldra cada um. Como disse? Em que país? Nem na Coreia do Norte, ou se calhar, só na Coreia do Norte! Faz algum sentido?! Se confessarem os dois levam 5 anos cada um e se ficarem os dois calados levam dois anos?! Por alma de quem?!

Então se nenhum dos prisioneiros confessa, das duas uma, ou são absolvidos os dois. Ou são condenados os dois à pena máxima, porque se faz a prova do crime em tribunal e não tendo os prisioneiros colaborado, pumba, levam os dois com dez anos de prisão.
Eu estou totalmente de acordo com o drama do prisioneiro, é mesmo isso, naquelas primeiras três premissas, mas a último premissa está factualmente errada, em qualquer tempo e lugar do mundo. 
O ficar calado, toda a gente sabe, é o tudo ou nada. Ou sais a ganhar tudo ou sais a perder tudo, não há meio termo no silêncio.

Se calhar na economia e na matemática, eles têm lá outras regras, mas no crime é assim que nós funcionamos.

Moral da história: trair o teu amigo em primeiro lugar, nunca é mais vantajoso do que ficarem os dois calados.

NÃO ROUBA & NÃO FAZ!

Aqui no nosso país, muito bem à beira-mar plantado, o problema não é tanto, o "rouba e faz", mas sim, o "até prova em contrário não rouba e o que faz, é muito mau".
E é entre estas duas alternativas sérias e credíveis, que nos pedem para escolher, nas próximas eleições: "o rouba e faz" e o "aparentemente não rouba e dá cabo disto tudo!"
Eu, francamente, estaria disposta a votar num "não rouba e não faz". 
Fazíamos tipo a Bélgica, um Governo a serviços mínimos, durante 4 anos. Eu votaria nesse. Quem é que promete fazer menos, durante 4 anos?

Aliás, a única forma de convencermos as pessoas a votar e diminuir drasticamente a abstenção e a apatia, em relação à eleição dos políticos, é uma mudança radical, no nosso sistema eleitoral. 
Bem sei, meses antes das eleições, mexer no sistema eleitoral, é capaz de não ser boa ideia, a não ser que a ideia seja francamente genial, como é caso. Cá vai:

E se, em vez de votarmos no governo que queremos, votássemos, (tal qual Casa dos Segredos), no partido que temos a certeza que não queremos, nem no governo, nem no parlamento. Depois, os partidos menos votados de todos, seriam os chamados a formar governo e ficávamos todos a sentir-mo-nos muito melhor, com as nossas decisões, na cabine de voto.

Por mim falo, se for votar para expulsar, eu tenho voto, mas para governar, não tenho.

Ao fim destes 4 anos de governo de coligação e não fosse a prisão do ex primeiro-ministro, que sempre animou um bocado as hostes, eu diria que estávamos na mesma, se não estivéssemos piores, como de facto estamos. 

Melhor exemplo de todos? A ministra da justiça. Há pouco tempo disse numa entrevista, que era a favor da legalização das drogas leves. Disse mais, até. Deu a entender, que se fosse ela a mandar(?!), por esta hora já podíamos comprar ganzas nas farmácias. Infelizmente, não passou das ideias para o papel, como fez em tantas outras coisas, sem o mínimo de ponderação, assim parece.

Depois do novo código de processo de civil, das mexidas no mapa judiciário e da revolução no Citius, onde é que encaixa esta ideia da legalização das drogas leves?!
Eu sei bem onde ela encaixaria na perfeição. Era antes de tudo o mais. Antes de fazer um novo código de processo civil, a ministra podia ter fumado uma ganza, ou duas, ou três. E, em vez de mexer no CITIUS ou no mapa judiciário, fumava outra ganza, bebia uma ou duas cervejas e depois mexia no pipi dela, que também é bom, que eu já experimentei no meu e sei do que falo. 

E assim ficávamos todos, nós e a senhora ministra, a ganhar com as reformas da justiça. Na verdade era só uma.

Suecos & Eritreus.


Sempre que acontece uma tragédia, as reacções nas redes sociais dividem-se entre dois tipos de massas acéfalas, (idiotas): os que estão mais preocupados com os comentários racistas, xenófobos e anti-imigração, que possam surgir, na sequência das mortes no Mediterrâneo. E, do outro lado, os cínicos do costume. Os que acham, que quem não chora todos dias as mortes em África, pela fome, pela guerra, pelo ébola, etc., em chegado a estas situações, não pode dizer nada ou é considerado um hipócrita.
A verdade é que muito se pode fazer e nem tudo implica fechar fronteiras e destruir barcos e, nas alturas de pós tragédia, embora não resolva nada, acho que a indignação, ainda assim, é mais digna do que insultar o próximo, mesmo que ele seja europeu.

Por exemplo, quando é que a Europa vai proibir – e em alguns casos perseguir - esses ditadores africanos, sanguinários, de continuar a usá-la, como o seu centro comercial, social e cultural?
Se é para proibir a entrada de migrantes de certos países, proibimos todos de cá entrarem, a começar pelas “elites” criminosas, muitas das vezes recebidas de tapete vermelho, por estes lados.

A Suécia, só para dar um exemplo a seguir, além de ter a melhor ministra dos negócios estrangeiros do mundo, tem cerca de 13 mil imigrantes da Eritreia, que pediram asilo e vivem na Suécia. Este número tende a aumentar todos os dias, pois, atraídos pelos primeiros, muitos mais procuram asilo, no norte da Europa.
Só que a Suécia não se limitou a acolher estes refugiados no seu país. Ouviu todas as atrocidades que estes tinham para contar – prisões sem julgamento, homicídios, raptos, torturas, etc. – reuniu provas e criou legislação contra os governantes da Eritreia. Ou seja, se o presidente da Eritreia – um psicopata empossado – ou algum dos seus ministros – outra cambada de psicopatas empossados – põe o pé na Suécia, vai a julgamento por todas as atrocidades que cometeu no seu país de origem e arrisca-se a ficar de cana na Suécia, até ao fim dos seus dias. Assim como quem diz, psicopatas, connosco, NÃO!

E dizem os cínicos, que isso não resolve nada, porque se prendermos estes, logo a seguir aparecem outros piores. Tudo bem, mas, pelo menos, estes já não atrapalham e sempre sai mais barato do que fazer uma guerra.

Enfim, é o contributo da Suécia para receber “imigrantes ilegais” e até agora, foi o contributo mais válido que vi.