sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

A Crime Story For Morons


Ainda gostava de saber, de quem partiu esta "brilhante" ideia, de que o melhor é fazer-se um segundo referendo ao Brexit. Foste tu, não foste, João-Cláudio? Como se um segundo referendo tivesse um resultado mais legítimo do que o primeiro. Afinal, o que pensa a Europa? Que os ingleses só votaram a favor do Brexit, porque queriam ver, se o David Cameron, com cara de parvo, ficava muito diferente do habitual?! Ou que, depois de meses e meses de bullying europeu, já devem ter convencido mariquinhas suficientes a mudar de ideias e a votar "Remain" desta vez?

Deve ser a segunda, porque agora a nova moda é espalhar o boato, que depois do Brexit, vai haver fome no Reino Unido. Com franqueza! Quanta treta num só argumento… É por estas coisas que fico mesmo a pensar, que a Europa ou acha que somos estúpidos ou tem é muito medo, que o Brexit seja um sucesso, a economia do Reino Unido comece aí a bombar e descobrimos todos que os eurocratas não servem para mais nada, que não seja estourar o nosso dinheiro e empecilhar as nossas vidas, será? Sei que estou a exagerar. Não sou assim tão pessimista… Mas os ingleses a passar fome? A sério?! Quanto muito vão ter de comer a comida de merda deles; e beber o vinho de merda deles; e comer a merda do queijo que eles fazem e aquelas batatas fritas com sabor a leite aziumado… Ugh! Que horror! Não lhes invejo a sorte, mas também nunca vi alguém morrer de fome por comer fish & chips todos os dias - been there, done that, still here!

Por isso deixo o meu conselho à Europa: não façam esse jogo de que o Reino Unido vai ser o novo Iémen, porque isso faz-vos parecer a nova Arábia Saudita. Não fica nada bem.



Percebi que este pedido para um segundo referendo ao Brexit, só podia ser uma farsa, quando vi o Joseph Muscat, primeiro-ministro de Malta, a servir de porta-voz da vontade dos líderes europeus, para que haja um segundo referendo ao Brexit. O que se passou nessas cabeças europeias?! Querem gozar com a Theresa May? Ou tentar branquear a imagem mais que suja do Sr. Joseph Muscat? É que a primeira ainda aceito que faça parte do jogo político da Europa. A segunda NÃO ACEITO!

E não foi um incidente isolado na Europa. Ainda há pouco tempo vi o primeiro-ministro maltês ser recebido aqui, na MINHA Lisboa, com sorrisos e abraços e o anfitrião era, nada mais nada menos, que o Partido Socialista Europeu. E mesmo depois de o seu discurso ter a voz de fundo da Ana Gomes - the one and only - a avisar: "Shame! Shame! Shame! You support corruption!" Não é que o escroque saiu do palco, para ser recebido com palmadinha nas costas, pelos primeiros-ministros português e espanhol. Que vergonha! Parecem todos iguais. Não dá para ver quem é sério e quem não é, quem presta e quem não presta. Confesso que até tinha uma pequena crush pelo primeiro-ministro espanhol e FOI-SE!    



Mas voltando ao segundo referendo do Brexit, lá está, se foi para fazer pouco da Theresa May é de génio escolher o Joseph Muscat para o papel. Um primeiro-ministro que se recusa a fazer um inquérito público, sobre o assassinato à bomba de uma jornalista, a pedir um segundo referendo à primeira-ministra inglesa… Tu és um pândegas, João-Cláudio! E sou pessoa de respeitar isso. Só o que não teve muita piada foram os 2 minutos em que o Joseph passou por homem de Estado, para tu poderes gozar com a cara da Theresa  May. É que o estado em que está o Estado desse escroque que fizeste passar por homem de Estado, está mesmo em péssimo estado. Os cidadãos europeus são capazes de começar a pensar, que a "Europa" está mais preocupada com as contas em dia do que com o Estado de Direito e a Liberdade de Imprensa. Fico com inveja dos ingleses e do Brexit quando vejo estas coisas. Depois vejo as broncas do Aron Banks e passa-me um bocado…



Tem sido assim de há uns tempos para cá: Sair ou não sair da Europa? Eis a questão! De um lado, uma união que só serve para juntar os mais fortes contra o elo mais fraco - os gregos, os portugueses e agora o Reino Unido - e do outro: as fake news, o desprezo pelos jornalistas e pela informação, dinheiro sujo, a Rússia… O que fazer?!



Na minha muito modesta opinião, a Europa só tem um caminho e é pôr em prática o que disse aquele senhor holandês, que se recusou a participar nas celebrações de Valetta Capital da Cultura, fazendo a seguinte afirmação: "This is not Russia!" E estou em crer que não foi por acaso que ele disse "Russia" e não disse "Azerbeijan" ou "China". É porque o assassinato da jornalista maltesa, Daphne Caruana Galizia, em Outubro do ano passado, é a Anna Politkovskaya all over again… Só que à bomba e na União Europeia.



Lembro-me bem da primeira vez que li sobre este caso e não queria crer. Em plena União Europeia, como é que isto é possível?! A seguir fui ler - só alguns - textos do seu blog "Running Commentary" e entendi. Era um génio. Não há nada sobre o que ela não escrevesse, mais parece as páginas amarelas da corrupção. Até a Isabel de Angola lá está, acompanhada de um mano e um par de advogados portugueses. Aliás, não há nada sobre que não escrevesse, não é bem assim, nunca escreveu nada sobre os três estarolas malteses acusados de lhe porem uma bomba no carro. O que leva a crer, que os que estão presos, não eram os que tinham a ganhar com o seu silêncio.  



Mas voltando à Rússia - salvo seja! - e ao por quê de esta história fazer lembrar o modus operandi soviético e não a Turquia ou a Coreia do Norte. Para começar, a bomba. Nos últimos anos já tinha havido outros atentados à bomba em Malta, mas a bomba que matou a jornalista Daphne Caruana Galizia, dizem, era diferente de todos os outros casos. Em primeiro lugar, era feita de TNT, o que não acontecia nos restantes casos, em que o material usado era Semtex. E, em segundo lugar, a quantidade de explosivo utilizada era muito superior à necessária para fazer o "serviço". O que significa, que a bomba que colocaram no carro da jornalista maltesa, Daphne Caruana Galizia, não tinha apenas o propósito de a matar. Tinha também o propósito de passar uma mensagem de terror e medo.



(O mais engraçado é que no mesmo artigo em que li sobre isto das bombas, esclareciam também, que o TNT é uma substância facilmente encontrada nas dúzias de campos de fogo-de-artifício que existem na ilha e noutro ponto do texto, bem distante, por sinal - se calhar para ninguém fazer a mesma associação que vou fazer agora - que o primeiro-ministro de Malta é filho de uma espécie de magnata do fogo-de-artifício. Para quem gosta de teorias da conspiração, divirtam-se!)



Ora, um reles mafioso, apenas preocupado com o seu negócio do tráfico ou doutra coisa qualquer, não precisa de mandar mensagens ao resto do país. Precisa do serviço feito. Quanto menos estrondo melhor… E não é preciso ser nenhum Sherlock para saber quem tem interesse em mandar mensagens ao país. Sobretudo quando a jornalista em causa todos as semanas escreve textos absolutamente letais sobre os negócios escuros do Governo com a venda de passaportes e sobre os trafulhas que vão lavar dinheiro a Malta e ajudam a encher ainda mais os bolsos de ministros do Governo.


Já vos cheira a Rússia?

Era tal o "estrago" que esta senhora fazia em Malta, que à data do seu assassinato tinha, nada mais, nada menos, do que 47 processos judiciais. Grande parte deles movidos por membros do próprio governo. Os restantes por gente da banca e dos negócios com relações próximas ao governo maltês. Aliás, se aprendi uma coisa com esta história é que o valor de um jornalista não se mede pela quantidade de prémios que recebe - e Oh! Se tem recebido prémios… já lhes perdi a conta - mas pela quantidade de processos judiciais que consegue causar. Há um artigo da Sr.ª Caruana Galizia que causou tamanha azia a um trafulha do imobiliário, que ele conseguiu instaurar-lhe 19 processos de difamação só por causa de um texto. 19!!! Querem melhor prova de que estava a fazer um bom trabalho. Ainda assim, é muito deprimente, que em plena União Europeia, estes mafiosos não só não tenham medo dos Tribunais, como até os usem para perseguir quem os tenta desmascarar.

 



Em conclusão: se a Europa não é a Rússia, convinha que estas coisas não acontecessem na União Sovi… Europeia. E é este o meu problema com esta União Sovié… Europeia, não só não faz nada para evitar os casos de corrupção que grassam nos seus membros, minam toda a salubridade do sistema e matam os jornalistas que a investigam - em menos de um ano já foram três! - como quer-me parecer que a forma como esta União Soviét… Europeia funciona, acaba por potenciar estas situações, porque o crime não tem fronteiras dentro da Europa, mas a policia e os tribunais têm. Assim não dá!

E depois admiram-se dos fascistas que florescem por aqui. E patrocinados pelo Putin. O que une esta gente? Será o mesmo gosto por roupa bem fresca e lavada?! Diz que temos das melhores lavandarias do mundo aqui na Europa…