sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

DRESS CODE

Tenho muitas dúvidas se devemos (ou podemos) acolher mais refugiados na Europa. 
Já quanto à forma de os receber, não tenho dúvidas. Basta exigir às pessoas que chegam, os mesmos deveres mínimos que já exigimos aos de cá. 
Por isso até acho bem esta nova lei da Dinamarca. Nada como gamar-lhes a carteira logo à entrada, para os refugiados saberem ao que vêm, quando vêm para a Europa.

Eu adoro direitos fundamentais! É direitos fundamentais e ganzas. Se calhar gosto mais de ganzas, mas logo a seguir vêm os direitos fundamentais. E andar de cara tapada na rua, não é um direito fundamental. Já o sairmos à rua e não darmos de caras com um tipo de meias de nylon enfiadas na cabeça, se não é um direito fundamental, devia ser.
Não há nenhum bom motivo para se tapar a cara e não há nenhum bom motivo para se proteger quem o faça. As únicas pessoas que têm um interesse legítimo em tapar a cara são assaltantes. Portanto, andar na rua de cara tapada, em qualquer estado de direito, que se queira continuar a chamar de tal, devia ser encarado como um acto preparatório de um crime.
A fronteira entre a tolerância e a discriminação fica nas caras tapadas.

Se um português entrar no Tribunal de chapéu, com as calças pelo joelho e a mascar pastilha elástica, o juiz não vai querer saber se ele é guna desde pequenino. Ou se o pai dele também era guna e que foi o avô quem fundou o gunismo em Portugal. És guna, tiras o chapéu, deitas a pastilha fora e sobes as calças como os outros, salvo seja. Se calhar não é a mesma coisa, ou será?!

Tenho uma certa fobia a caras tapadas. A única excepção que encontro a esta regra são as pessoas mesmo muito feias. E, claro, se fossem elas a requerer esse direito.
Na altura de a pessoa mesmo muito feia tirar o seu documento de identificação, ela requeria para andar de cara tapada, fundamentava:
“Ai! É que eu sou mesmo muito feio e as pessoas assustam-se de morte, quando se deparam comigo na rua.
P.D.
Pessoa mesmo muito feia” 
Pagava uma taxa e tudo bem. Pelo menos ficavam registadas, as pessoas que andam por aí de cara tapada. Mas por norma? Nem pensar!

Não gosto de lenços na cabeça, mas também não os acho ofensivos. E sou bastante tolerante com as camisas de dormir na rua. Ainda me entusiasmo e saio de pijama também. Mas caras tapadas na rua, com franqueza, não é aceitável. 
Sabe Deus as caras lavadas… custa alguma coisa pôr uma base e uma sombra antes de sair de casa?!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

ATENÇÃO! ESTE TEXTO PODE CONTER VESTÍGIOS DE POLITICAMENTE CORRECTO.

Estamos todos chocados com os incidentes de Colónia, não estamos? Não, não estamos. Alguns estavam mesmo à espera desta oportunidade e não conseguem disfarçar a excitação de tão contentinhos que estão.
Afinal não é todos os dias que podemos vomitar os nossos ódios pessoais cá para fora, sem culpas de maior e até com alguns aplausos de admiração. 
“A culpa é das feministas!”; “A culpa é da esquerda!”; “A culpa é dos refugiados!”; “E de quem lhes abre as portas!”. Para esta gente os factos atrapalham. O que é importante é aproveitar o momento, para rosnar e mostrar os dentes.
Passam o ano inteiro a bater palmas às palermices do Dr. Arroja, a rir com as alarvidades do Sr. Trump, a fazer pouco da criminalização do piropo e a elevar o Manuel Palito a mascote nacional, mas em chegados a estas alturas, põem a cartilha do "respeito às mulheres" na lapela e dizem que não há condições para receber refugiados, por causa delas. Obrigadinha! A sério! Sempre é melhor que nada.

Deus livre e guarde uma mulher de dizer que é feminista. Neste país, ela é logo chutada para canto com epítetos de histérica, louca, nazi, etc. Mas se for um homem machista, toda a gente acha graça e dizem que é excêntrico. Nada contra. Mas se puderem aproveitar estes momentos, em que trazem o respeito pelas mulheres ao peito, para me explicar isto, eu ficar-vos-ia eternamente grata. Estou a pensar ingressar no feminismo, mas não sei como fazê-lo, para ser engraçada e excêntrica, em vez de histérica, louca e nazi.
    
Só há um único culpado nesta história de Colónia e é a polícia, tanto por não ter actuado, como por não ter divulgado os crimes. Se foi por falta de meios ou pura incompetência… estas são as questões que as pessoas verdadeiramente chocadas, gostavam de ver respondidas. O resto é pura raiva, contagiosa e não vai lá com vacinas.
Até uma criança com défice de atenção percebe, que a única forma de combater crimes, é meter os criminosos na cadeia. E sobretudo no que toca a crimes sexuais, a cor ou a religião das pilas costuma ser um bocado indiferente. Basta lembrar as violações colectivas na Índia. Também eram pilas hindus e monhés, e não me parece que alguém tenha tirado alguma conclusão à custa disso.
E para terminar, (tenho mesmo de dizer isto), aquilo que distingue os países do Ocidente, da Índia, do Paquistão, da Síria e da Idade Média em geral, é o facto de a polícia e os tribunais funcionarem, não é a forma de pensar das pilas.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

GRANDES IDEIAS PARA A PRESIDÊNCIA

As presidenciais estão aí à porta. Sempre sonhei ser presidente. Ou presidenta. Tanto dava. Infelizmente, entre as férias de verão e o natal, mais aquele meu lema que manda: "se não te apetece fazer hoje, deixa para amanhã", (era o hino da minha campanha), perdi completamente o timing para apresentar a minha própria candidatura à presidência da república.
É uma pena porque eu tinha ideias muito válidas para um mandato presidencial. Cavaco foi uma inspiração.

A minha primeira medida no comando, passava logo por propor uma abolição da terceira pessoa, no trato social. Nada de formal. Seria apenas uma mensagem positiva, que eu ia deixar no final dos meus discursos: "Sejam menos betos portugueses!"
Há demasiados betos para um país tão pobre. Pessoas que se ofendem quando o outro os trata por tu. E depois ainda olham para mim com aquela cara de:
- Já viste a lata?!
- Que horror! - respondo eu - A tratarem-te por tu, como se tu fosses uma pessoa?!
A maioria não só não percebe, como até acena a concordar.

Só na justiça, (e talvez na política também), isto se justifica. Tendem muitas vezes a descambar na linguagem e é melhor levantar ali uma barreira de ilustres colegas e distintos doutores, que torna mais fácil dizerem as piores coisas uns aos outros. Exemplo?
"Ilustre colega Dr. Nuno Pinha,
Dou por recebido o email do digníssimo colega, que muito agradeço.
No entanto, tenho de lhe transmitir, que a proposta do seu cliente parece saída de um enorme charco de caca…" e assim por diante, sempre a descer o nível. Se mantiverem a terceira pessoa do singular, nada vos pode correr mal.
O tratamento por tu nestas profissões não ajuda e até pode gerar situações de desrespeito, ofensa e violência, que é sempre o que se deve evitar, no trato social. Já médicos, engenheiros, economistas, doutores em geral, francamente pessoas, tratem-se por tu.
É por isso que a América é a terra das oportunidades e onde todos os sonhos se concretizam. As pessoas lá dizem "fuck you!". Não ficam a pensar se vão dizer: "vai-te foder!" ou "vá-se foder!" e isso faz toda a diferença. 

Outra medida que eu tenho, é um bocado mais polémica à primeira vista, mas também pretende combater uma coisa muito mesquinha do trato social. É sobre os chamados parasitas da sociedade. Aquelas pessoas que vivem há anos à conta do Estado, através do rendimento mínimo ou do subsídio de desemprego ou da pensão de invalidez e depois passam os dias todos enfiados no café. Ou o senhor que utilizou mais vezes o SNS. Ou o reformado há mais tempo.
No meu mandato presidencial, eu prometia tirá-las a todas do anonimato e condecorá-las. Ouviram bem. Enchê-las a todas de medalhas, no bom sentido da expressão.
Comigo na presidência seria este o caminho das condecorações. Os portugueses poderiam ver com os seus próprios olhos, que o dinheiro dos impostos não serve só para salvar bancos e pagar a dívida à Europa. O senhor que utilizou mais vezes o SNS era logo o primeiro. A Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique era dele, já em 2016.  

Por último sugeria que todos os bancos do país com problemas de solvência, mudassem o nome para casino. Aliás, esta era a solução que uma presidenta como eu proporia, para o caso BES. Não era dividir aquilo em banco bom e banco mau. Era deixar tudo na mesma, tirar o B e pôr um C e ficava: CES - Casino Espírito Santo. Se calhar também lhe punha mais uma borboleta do outro lado... E depois podiam continuar no “mercado”, mas restritos ao negócio dos jogos de sorte e azar. Na verdade era mais jogos de azar.

O meu mandato presidencial ia ser assim. Uma espécie de magistratura de sugestão. Parece que as minhas medidas são muito boas e vão ter alguma influência, mas não vão. É só placebo.

domingo, 10 de janeiro de 2016

GIRLS JUST WANNA HAVE FUN?

O feminismo das prostitutas versus o feminismo da minha avó. Qual ganha? 
De um lado temos as Miley Cirus deste mundo, com as suas polémicas (e despidas) actuações. E do outro as Chrissie Hynds, em defesa das ideias do tempo da nossa avozinha, que se as senhoras se vestirem bem, se se comportarem bem, se falarem as coisas certas e forem recatadas, nada de mal lhes acontece. 
Manter um braço de distância de desconhecidos, é a mais recente ideia desta escola.

A grande especialista de feminismo cá em casa, é a minha Iolanda. Para ela são ambos muito fraquinhos. O único feminismo com hipóteses de ganhar é o do Tarantino. Do género Deathproof, Kill Bill ou mesmo o clássico Jackie Brown. Se é para ser fanática, tem de ser com estilo e em grande. É o que ela diz.

Será que forma como as mulheres se vestem e comportam tem alguma influência na taradice dos homens? Ou será que um homem de bem, será sempre um homem de bem, ainda que um dia seja surpreendido no meio da rua, por uma senhora a fazer o pino sem cuecas? Não sei, mas prometo investigar. 
Admiro muito as pessoas que conseguem perceber previamente o desejo sexual de uma mulher, pela forma como ela se veste. A única coisa que eu consigo deduzir pela forma como um homem se veste, é se ele é beto e mesmo isso, desde que apareceram os hipsters, (e foderam esta merda toda!), já começa a ser muito difícil para mim. 

Esta discussão faz-me lembrar uma história, que aconteceu comigo no Verão. Tinha passado a noite num festival ao pé do rio e no dia a seguir, sentindo o princípio de uma otite, dirigi-me à farmácia mais perto. Contei o meu problema ao senhor que me atendeu e acrescentei, que naquele dia havia festival outra vez e por isso eu precisava de medicação urgente, para não ficar pior.
- O que me aconselha a tomar? – resposta do farmacêutico - Mas se lhe dói o ouvido, hoje devia ficar em casa. - Sabem o que eu respondi? – E se eu quisesse os conselhos da minha avó, não vinha à farmácia.