segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Uma da manhã, Ei! Bem Bom duas da manhã, CHHHHHH! Sejamos honestos, não combina com o bairro alto

Depois da higienização, eis que agora também temos de fazer pouco barulho no bairro a partir das duas. As duas questões têm natureza diferente, mas a conclusão é só uma, comerciantes de bares e restaurantes tem de aprender a LUTAR POR AQUILO QUE É SEU!


Sobretudo no que diz respeito à actuação da ASAE, o problema não é político é de Direito e os comerciantes não estão defender os seus.
Neste momento, a ASAE quer que restaurantes e bares tenham os critérios de esterilização de um bloco operatório, com o senão, de estes últimos terem mais condições para o fazer e não serem tão severamente fiscalizados. Os comerciantes do bairro alto estão representados por pessoas que podem perceber muito do negócio mas não percebem nada de política e muito menos de direitos, o que neste campo significa estar mal representado. Só isso explica que ASAE, Polícia e Câmara se comportem como se aquilo fosse “o da Joana” . Todos levantam autos e descem multas sem que um piu se ouça, com medo de retaliações. Falem com o Sá Fernandes ou o Garcia Pereira se preciso for, (O João Nabais parece-me bem), mas arranjem-me um mister a sério que lidere a equipa. Vejam o exemplo do Mário Nogueira na educação.
Não é digno de uma democracia que um inspector da ASAE, um PSP, ou um polícia municipal, possam de surpresa fiscalizar um bar sem um mandato de um juiz. Seja para ver se os copos estão mal lavados, em busca de CD’s piratas ou para desmantelar um rede de imigração ilegal, ninguém deveria poder entrar num estabelecimento para fiscalizar, sem o prévio mandato de um juiz, específico para aquele caso e aquele estabelecimento. A ASAE deve fiscalizar regularmente os bares e restaurantes, mas essas intervenções tem de ser agendadas e os seus critérios têm de ser práticos, claros e exequíveis, ou seja, o contrário do que são hoje em dia. Se querem entrar à herói e ver a arca, abrir o fogão e o frigorífico, tipifiquem o crime e passem a bola a quem de direito. O que se passa com os comerciantes de bares e restaurantes hoje em dia, da lei do tabaco à lei da lixívia, é imoral e muito pouco democrático!


Já a questão do “Pouco barulho a partir das duas ou vou começar a passar autos”, é uma questão política e tem de ser atacada enquanto tal. Dizem-me, que aos apelos da associação de comerciantes António Costa respondeu com um indignado, “estão-me a fazer um ataque político?!”. Infelizmente não estão, mas deviam. Porquê o tom indignado?! António Costa preferia um ataque mais pessoal, uma espera à porta de casa e um enxerto de porrada dos comerciantes e frequentadores do bairro alto? Vontade juro que não me falta, mas acho o ataque político mais correcto…
Nunca me imaginei dizer isto, mas já estou por tudo, até faço campanha por Santana Lopes! Só espero, sinceramente, não ter de chegar tanto.

Primeiro há que fazer uma manif. Quando a discordância é política a resposta tem de ser muita gente na rua, uma visão augure dos que não votam António Costa nas próximas eleições. Há um provérbio popular que diz, quem está mal muda-se, e perdoem-me a frieza mas parece-me ser o caso. O bairro alto é há dezenas de anos (senão centenas), um local dado ao basqueiro até de madrugada, quero com isto dizer, ninguém foi para lá morar enganado, querem pouco barulho à noite vão viver para Telheiras ou para São Domingos de Benfica, onde a partir das 10 os cafés estão fechados e não se vê vivalma na rua. O bairro é, em Lisboa, a parte da cidade que pouco ou nunca dorme e faz sentido que ele exista e se mantenha assim, porque oferta de bairros residenciais desertos às 10 da noite é coisa que não falta nesta cidade, (deprimente para uma pessoa como eu que gosta de barulho na rua até à meia noite, pelo menos). Não é, nunca foi e esperemos não venha a ser um bairro residencial. Claro que não sou contra casas de habitação no bairro alto, mas só para quem sabe o que o espera e por isso quer ir para lá viver, (e não sou poucos bem sei). A medida de António Costa é uma má decisão política e os descontes têm de se organizar e sair à rua.

Há no bairro alto uma economia que pode funcionar e que em muitos casos já funciona. Pagam-se rendas, impostos, segurança social, dão-se postos de trabalho, (e alguns são estudantes que pagam assim os seus cursos). O bairro merece a atenção da polícia mas não é para nos defender do comerciante que continua com o bar aberto depois das duas da manhã. A agressividade que se sente no tratamento dado aos que põe a economia a funcionar não é compatível com o respeito que a autoridade almeja.