quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A MATRAFONA QUE FICA PARA TRÁS.

O Natal é quando o homem quiser e o Carnaval são três dias, mas também podia ser todos os dias, se o homem quisesse. Não sou de me mascarar a preceito - a preguiça não deixa, os amigos não puxam - mas vivo muito a época, interiormente.

Sou a favor do Carnaval todos os dias, quem não tem aquele momento, em que por causa das pessoas ou circunstâncias envolventes, o melhor é pôr a máscara e brincar ao Carnaval? Todos os dias comigo!

Mas o que eu mais gosto no Carnaval, é que traz atrás as "minhas" matrafonas.
O que eu gosto de matrafonas!
Imagino-me na selva carnavalesca de Torres Vedras, a observar as matrafonas passar por mim e esperar calmamente a matrafona que fica para trás. A matrafona que bebeu demais, a matrafona que partiu o salto, a matrafona que perdeu o brinco, a matrafona bailarina... Adoro matrafonas de tule! Ou então, a matrafona mais descarada, com a mini-saia mais curta e que estivesse mesmo a pedi-las, a que até ia gostar que eu lhe desse um valente apertão. A matrafona que diz que não, mas no fundo, no fundo, é sim.
Apanhá-la sozinha, longe da manada - as matrafonas andam sempre em manada - e arrastá-la para um beco escuro...
Viva o Carnaval!

Podemos? Devemos!

Tenho sonhado muito com a Grécia, nestas últimas semanas. Com a austeridade, com a saída da Grécia do euro, com o ministro das finanças grego a perguntar e se a Grécia sair? Quem é que vai a seguir? Portugal? 
Eu espero que sim, Varoufakis. As minhas malas para sair do euro estão prontas há 15 anos.


Mas a Grécia e Portugal saírem do euro é a parte boa do meu sonho. A parte má, quando tudo descamba, é se o euro de facto acabar. Voltamos todos às nossas moedas, cada um à sua, e fazemos o quê, com os retornados de Estrasburgo e Bruxelas?! Temos alguma coisa para eles fazerem cá?...


É melhor começar a pensar nisso, porque, ao que parece, os alemães estão fartos de pagar a nossa dívida e não só os alemães, os holandeses, os austríacos, os belgas, os luxemburgueses, os que estão ali bem no centro da Europa e beneficiam de todas as vantagens da livre circulação de pessoas, serviços e todo o tipo de bens, com todas as facilidades de uma só moeda única, estão fartos de pagar a dívida dos PIIGS. Curioso é que, apesar disso, não se vê pessoas a sair à rua em protesto contra a Europa e contra o euro, em cidades como Berlim, Viena, Bruxelas ou mesmo na aldeia do Luxemburgo.
A Europa paga a dívida dos PIIGS e os PIIGS, ingratos, fazem manifestações contra o euro.
Custa-me muito entender que os alemães, os austríacos, os belgas e os luxemburgueses, etc. andem a pagar a nossa dívida e sejam os nossos trabalhadores, pensionistas e utentes dos vários serviços públicos, a sofrer no bolso, o pagamento que eles andam a fazer da nossa dívida.       


Há quantos anos ouvimos o velho discurso, de que não é a votar sempre nos mesmos, que o país muda?! Ou melhor, cada povo tem o governo que merece!
Os gregos tiveram a ousadia de escolher o governo que mereciam, que diz coisas tão óbvias como: um país em insolvência, não pode pagar a totalidade da sua vida. 

Acontece todos os dias nos tribunais de comércio deste país. Empresas portuguesas entrarem em insolvência e não só os credores não recebem a totalidade da sua dívida, como, a mais das vezes, o que recebem é nada e ao fim de 20 anos.


Nós não temos, nunca tivemos e duvido que alguma vez venhamos a ter um mercado ou uma economia capaz de competir em pé de igualdade com os países mais desenvolvidos da Europa. Em primeiro lugar, porque estamos aqui entalados neste cantinho entre a Espanha e o Atlântico e o nosso mercado e economia podem ter potencial, mas não é na Europa.
Nunca tive nada contra a livre circulação de pessoas, bens e serviços, o meu problema é com a moeda, que destruiu e vai continuar a destruir a nossa pequena economia, aqui à beira mar plantada. 
Somos uma equipa da terceira divisão, a jogar na liga dos campeões. Com uns estádios muito bonitos, para mostrar à Europa, mas a mesma equipa de merda, que sempre tivemos. 


Os gregos já perceberam que o euro é uma bela autoestrada para o precipício e querem arrepiar caminho.
Neste momento, o que a Europa devia discutir, é, quanto é que vai pagar aos gregos, para eles saírem do euro, depois do euro lhes ter esfrangalhado a economia?