sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

E Ver O Telejornal?

Há uns meses atrás, o Público trazia uma entrevista do escritor espanhol, Arturo Peréz-Reverte, a propósito do último livro, "Homens Bons". Do livro ainda não posso falar, que mal passei o começo - são muitas solicitações! - mas a entrevista, depois de ler outra vez, aqui pela Internet, recomendo vivamente a todos. Há sobretudo uma parte, que é tão genial, que não consigo deixar de a citar aqui. Cá vai:
"Às vezes pego num livro, e penso: este tipo, para que escreve ele? A quem importa saber que ele se levantou de manhã, que tem uma vida triste, que a mulher o deixou, que o seu filho é drogado, que se sente asfixiado pela vida… Para isso não vale a pena ler. Basta olhar em volta. O que eu quero é que me contem histórias interessantes, que me façam reflectir, pensar, sonhar, que mudem a minha vida."
Fico com vontade de beijar este homem na boca, de cada vez que leio isto. E digo mais, se o vosso trabalho é escrever livros, fazer filmes, tocar música, pintar quadros... escrevam isto num post-it e colem na porta do frigorífico, ou do mini-bar, se for mais esse o caso. Não vão encontrar conselhos muito melhores que este por aí.

Nunca percebi esta mania de pôr a vida real no cinema e a ficção no telejornal, mas entre uma e outra, acreditem que prefiro a segunda, apesar dos problemas que tem dado.  E foi muito por causa disto, que há cerca de dez anos, tomei a decisão de não ver mais cinema português. Confesso, o cinema português é um dos meus ódios de estimação.
A gota de água, se não me falha a memória, foi o "Odete" do João Pedro Rodrigues, que fui ver com a Gorda. Uma história pirosa, quando não confusa e muito mal representada. Quando saímos da sala de cinema, depois daquela valente seca, estava tão furiosa, que disse à Gorda: "Para ver cinema português, não contas mais comigo. Acaba hoje, acaba aqui!" E assim foi.
Já passei por muito com o cinema português. Pela mesma altura fui ver um filme do Pedro Costa, também ao cinema, já nem me lembro qual, que são todos iguais, e saí da sala a pensar, que tinha pago 5 euros, para ver uma grande reportagem do telejornal das oito. Aliás, pior, que as pessoas entrevistadas no telejornal das oito não estão preocupadas em fingir que são actores.

Por acaso, no Verão, fui ver "As 1001 Noites", no auditório ao ar livre da Gulbenkian. Sou sincera, só fui ver, para poder falar mal... Mas não é nada mau, apesar de serem mais de seis horas e haver cenas em que não se passa absolutamente nada, está ali um bom trabalho. O que mais gostei foi não se perceber muito bem, se aquelas pessoas do campo que entram no filme são muito bons actores a fazer de campónios, ou se são muito bons campónios a fazer de actores. É uma grande comidela de cabeça e dá uma magia ao filme, que combina muito bem com aquela aura de 1001 noites.

Lembrei-me disto tudo por causa da estreia do filme: "I, Daniel Blake". Não há uma alma que o tenha visto, que não tente convencer o próximo a ir vê-lo também. Poupem-me! As pessoas não vão ao cinema para se ver ao espelho. Digo mais, usar os dramas reais das pessoas, como entretenimento de série B, além de ser deprimente, não tem nada de original. Já temos o Facebook e a Casa dos Segredos para isso.


A última vez que fui ao cinema, foi para ver o "Animais Nocturnos" do Tom Ford. Não vou dizer se é muito bom ou muito mau, só vos vou dizer, que ao fim de meia hora de filme, estava de tal forma incomodada, que até pensei que o coração me fosse saltar pela boca fora e sair do cinema, deixando-me lá sozinha. A senhora de idade sentada ao meu lado, às vezes suspirava tão alto, que cheguei a temer que lhe desse algum fanico e eu fosse chegar ao intervalo com um cadáver ao meu lado. Felizmente, a tensão vai diminuindo ao longo do filme e eu e a velhota conseguimos sobreviver até ao fim. 
Agora perguntem-me, se eu vou estar na primeira fila, quando estrear o próximo filme do Tom Ford? Não, não vou, vou estar na do meio, que é de onde se vê melhor. Mas da próxima tomo um ansiolítico antes e se calhar despeço-me da família, just in case...
    

Worst Nightmare Ever

Nunca mais consegui dormir direito, depois desta história do Chapecoense. Já viram o que é? Um dia de manhã acordar, para descobrir, por exemplo, que os jogadores do meu Benfica morreram quase todos, num desastre de avião. E fazes o quê a seguir, com o resto da tua vida?? Olhem se fosse com o vosso Sporting? Com isso não sonho eu... e os adeptos eram bem capazes de ficar aliviados...
E depois, logo a seguir, aquela derrota na Madeira. Vi pelo menos dois títulos de jornais, que diziam mais ou menos isto: "O desastre do Benfica na Madeira". Sem aspas!
Em primeiro lugar, tenho muita dificuldade em aceitar, que um resultado de 2-1 seja considerado um desastre, mesmo que estejam a falar do Glorioso. E em segundo lugar, desastre?! Nem uma semana depois do "acidente" com o avião que levava a equipa do Chapecoense - agora sim, com aspas, pois já ninguém tem cara de chamar àquilo um acidente - o que é isto? Fiz queixa ao provedor dos dois jornais. Ai fiz mesmo!! E espero que levem bem nas orelhas por causa disso, idiotas! Há limites para o mau gosto. Os meus são estes.

Bem sei, não morreram só pessoas do futebol neste desastre, mas também não é esse o meu ponto. O que me parte o coração nesta história são as pessoas de Chapecó, que além de terem perdido familiares e amigos, perderam a sua equipa de futebol.
Já não me lembro qual deles, mas um dos manos Gallagher costumava dizer, que as pessoas que gostam de bola têm sempre um motivo para viver. Devia ser o Noel, que é o mais inteligente. Até com os adeptos do Sporting isto acontece. A tua vida pode estar uma merda, mas depois pensas na tua equipa, que ela pode ganhar o próximo jogo e é uma alegria que ninguém te tira, ninguém te estraga. E mesmo que não ganhe, há sempre a esperança do próximo, ou, como dizem os energúmenos: "Para o ano é que é!"



quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

São os Comandos, Estúpida!

Ora, é mesmo para não ouvir este tipo de insultos, que aviso já: todo o meu conhecimento sobre a vida militar, vem dos filmes de acção dos anos 80. Vi todos! Sou, praticamente, a maior perita nacional no assunto... 
A minha pergunta é só uma e modéstia à parte, é uma grande pergunta: é preciso matar uma pessoa - ou duas - para se chegar à conclusão, que ela não serve para os comandos? A ver pelo historial dos comandos no nosso país, parece que sim...
Nem ponho em causa a violência que é necessária ou deixa de ser necessária, na preparação dos soldados para a guerra. Não deve ser um passeio no parque, certamente que não, e quanto mais semelhante ao cenário real, que futuramente vão encontrar, melhor para eles e para nós. Mas, ainda assim, a única forma de esta história triste ser aceitável, era se os senhores instrutores do curso dos comandos, fossem pagos, para dar formação às tropas do inimigo. Aí sim, matar dois e mandar mais nove para o hospital, seria um grande feito militar. Como não é o caso, convém dizer, que matar à sede dois jovens, durante a formação dos comandos, não se sabendo ainda se é um crime, não será com toda a certeza, um bom trabalho. Além do mais, o serviço militar já não é obrigatório e arriscam-se a não ter muito mais gente disposta a servir o país, se começarem a perceber que têm de aturar este tipo de bestialidades no caminho.

A propósito, sou uma grande fã do Mário Nunes. Não estou a brincar, sou mesmo. Na minha opinião, é o grande herói português do século XXI. E o Guterres também, um bocadinho... mas é diferente, como diz o John Oliver, a diplomacia é a guerra para os "maricas". Não se compara...
E se já admirava o Mário Nunes, o grande herói português do século XXI, fiquei a admirá-lo ainda mais, depois desta polémica dos comandos. Estou em crer que, quem tem um verdadeiro espírito militar, não está para aturar estes jogos parvos de poder e ego, que parecem dominar as nossa forças armadas. Não admira que tenha desertado... E ainda bem para nós, porque graças ao Mário Nunes, podemos dizer, que ajudamos a combater os gajos do EI/DAESH/QUEGRANDEMERDA! Temos mais alguém lá depois disso?