segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Uma da manhã, Ei! Bem Bom duas da manhã, CHHHHHH! Sejamos honestos, não combina com o bairro alto

Depois da higienização, eis que agora também temos de fazer pouco barulho no bairro a partir das duas. As duas questões têm natureza diferente, mas a conclusão é só uma, comerciantes de bares e restaurantes tem de aprender a LUTAR POR AQUILO QUE É SEU!


Sobretudo no que diz respeito à actuação da ASAE, o problema não é político é de Direito e os comerciantes não estão defender os seus.
Neste momento, a ASAE quer que restaurantes e bares tenham os critérios de esterilização de um bloco operatório, com o senão, de estes últimos terem mais condições para o fazer e não serem tão severamente fiscalizados. Os comerciantes do bairro alto estão representados por pessoas que podem perceber muito do negócio mas não percebem nada de política e muito menos de direitos, o que neste campo significa estar mal representado. Só isso explica que ASAE, Polícia e Câmara se comportem como se aquilo fosse “o da Joana” . Todos levantam autos e descem multas sem que um piu se ouça, com medo de retaliações. Falem com o Sá Fernandes ou o Garcia Pereira se preciso for, (O João Nabais parece-me bem), mas arranjem-me um mister a sério que lidere a equipa. Vejam o exemplo do Mário Nogueira na educação.
Não é digno de uma democracia que um inspector da ASAE, um PSP, ou um polícia municipal, possam de surpresa fiscalizar um bar sem um mandato de um juiz. Seja para ver se os copos estão mal lavados, em busca de CD’s piratas ou para desmantelar um rede de imigração ilegal, ninguém deveria poder entrar num estabelecimento para fiscalizar, sem o prévio mandato de um juiz, específico para aquele caso e aquele estabelecimento. A ASAE deve fiscalizar regularmente os bares e restaurantes, mas essas intervenções tem de ser agendadas e os seus critérios têm de ser práticos, claros e exequíveis, ou seja, o contrário do que são hoje em dia. Se querem entrar à herói e ver a arca, abrir o fogão e o frigorífico, tipifiquem o crime e passem a bola a quem de direito. O que se passa com os comerciantes de bares e restaurantes hoje em dia, da lei do tabaco à lei da lixívia, é imoral e muito pouco democrático!


Já a questão do “Pouco barulho a partir das duas ou vou começar a passar autos”, é uma questão política e tem de ser atacada enquanto tal. Dizem-me, que aos apelos da associação de comerciantes António Costa respondeu com um indignado, “estão-me a fazer um ataque político?!”. Infelizmente não estão, mas deviam. Porquê o tom indignado?! António Costa preferia um ataque mais pessoal, uma espera à porta de casa e um enxerto de porrada dos comerciantes e frequentadores do bairro alto? Vontade juro que não me falta, mas acho o ataque político mais correcto…
Nunca me imaginei dizer isto, mas já estou por tudo, até faço campanha por Santana Lopes! Só espero, sinceramente, não ter de chegar tanto.

Primeiro há que fazer uma manif. Quando a discordância é política a resposta tem de ser muita gente na rua, uma visão augure dos que não votam António Costa nas próximas eleições. Há um provérbio popular que diz, quem está mal muda-se, e perdoem-me a frieza mas parece-me ser o caso. O bairro alto é há dezenas de anos (senão centenas), um local dado ao basqueiro até de madrugada, quero com isto dizer, ninguém foi para lá morar enganado, querem pouco barulho à noite vão viver para Telheiras ou para São Domingos de Benfica, onde a partir das 10 os cafés estão fechados e não se vê vivalma na rua. O bairro é, em Lisboa, a parte da cidade que pouco ou nunca dorme e faz sentido que ele exista e se mantenha assim, porque oferta de bairros residenciais desertos às 10 da noite é coisa que não falta nesta cidade, (deprimente para uma pessoa como eu que gosta de barulho na rua até à meia noite, pelo menos). Não é, nunca foi e esperemos não venha a ser um bairro residencial. Claro que não sou contra casas de habitação no bairro alto, mas só para quem sabe o que o espera e por isso quer ir para lá viver, (e não sou poucos bem sei). A medida de António Costa é uma má decisão política e os descontes têm de se organizar e sair à rua.

Há no bairro alto uma economia que pode funcionar e que em muitos casos já funciona. Pagam-se rendas, impostos, segurança social, dão-se postos de trabalho, (e alguns são estudantes que pagam assim os seus cursos). O bairro merece a atenção da polícia mas não é para nos defender do comerciante que continua com o bar aberto depois das duas da manhã. A agressividade que se sente no tratamento dado aos que põe a economia a funcionar não é compatível com o respeito que a autoridade almeja.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A Crise pelo Lado Direito.


É verdade! Tenho uma costela comunista!.. E no que toca a dinheiros é ela quem manda.
Na minha opinião, (humilde, sincera e até mesmo um pouco ignorante), arrisco a dizer que o problema está nesse mito romântico implementado como costume, de que o dinheiro não tem grande valor, nem muita importância. O dinheiro é muito ambicionado, todos o procuram e o querem ter, mas quando o têm poucos o estimam com o amor, o carinho e o respeito que ele merece. Quantos, quando o gastam, se preocupam em saber a que mãos vai parar e o que vão fazer com ele?

Mas tenho também uma costela pró mercado e se bem me lembro da minha economia política que já vai longe, (não que alguma vez tivéssemos sido muito chegadas…), o capitalismo, ainda que selvagem, definia-se numa só ideia, consumir riqueza de forma alarve, gerando ainda mais riqueza!
Nos nossos dias apenas se verifica a primeira premissa do capitalismo, o mercado engole quantidades absurdas de dinheiro que não multiplica ou sequer devolve! Isto não é capitalismo, é apenas selvagem …

O Lado Esquerdo da Crise.

Era uma vez, um senhor americano negro que tinha um sonho. Um sonho muito bonito, que envolvia senhores de todas as cores sentados à mesma mesa.
Eu também tenho um sonho! É mais comedido... e sobre vários senhores de colarinho branco todos sentados no mesmo poleiro.
No meu sonho, a grande inovação é o fim social do Estado, que é, ora cá vai, social.
Existe apenas como garante da educação, da saúde, da promoção pelo mérito, da segurança física e psicológica dos seus cidadãos … Já não o é, infelizmente, no meu sonho, garante da liquidez dos bancos, (deve ser da costela comunista que tenho dentro de mim, estas coisas reflectem-se no subconsciente…)
No meu sonho, se os bancos perdessem liquidez, ou, por outras palavras, falissem, o Estado deixava-os cair, enterrava os administradores em dívidas que haviam de pagar até ao fim das suas miseráveis vidas e ajudava os cidadãos lesados na medida das suas possibilidades e da carência destes. Mas isso era no meu sonho …

terça-feira, 21 de outubro de 2008

“O Estado não está a dar dinheiro aos bancos. O Estado apenas vai garantir a sua liquidez!”

In Prós e Contras

By: um de entre quatro banqueiros que lá se encontravam a semana passada.

Pequeno Aparte: Discutir e debater a crise financeira, avaliar os prós e os contras como diz o dito, com quatro banqueiros, dois de um lado e outros dois no outro, não terá resultados um bocadinho viciados?

E se me permitem outro pequeno aparte: Quando uma instituição tem como fim principal, aceitar depósitos e conceder empréstimos de DINHEIRO, a existência de falta de liquidez na dita não se chama FALÊNCIA?

E só mais um pequeno aparte, (prometo que é o último..?): Se eu investir as minhas chorudas poupanças em títulos de dívida do Paquistão, o Estado garante a minha liquidez?

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Questions and answers!

"You don't need to find answers for questions never asked of you"

"Stop asking questions that don't matter any way"

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

CONTOS DE UM REINO JÁ AQUI AO LADO, (AÍ ADIANTE VIRAR NA PRIMEIRA À ESQUERDA).

É Um Contrato Estúpido!

Era uma vez um Reino já aqui ao lado, (aí adiante virar na primeira à esquerda).
O Reino já aqui ao lado andava em banhos a curtir o mês de Agosto e estava feliz com aquela nova ideia do sr. Dr. Eng.º. O Primeiro-ministro enérgico e musculado, que havia decidido extinguir sem apelo nem agravo o Monstro do Divórcio Litigioso. Respiravam-se liberdade e bons augúrios pelos tempos vindouros. “Era sem dúvida um monstro da idade média o Divórcio Litigioso“, pensavam os habitantes do Reino.
Qual não foi a surpresa dos súbditos, quando, certa amanhã, acordou com a polémica! O rei, que ao contrário do primeiro-ministro enérgico e musculado se mostrava quase sempre cândido, mas hirto, (e por vezes um pouco bimbo), vetava a lei que abolia de vez com o Monstro do Divórcio Litigioso, numa atitude que o primeiro-ministro viria a considerar, “muito pouco porreira pá!” Outras vozes de esquerda se lhe juntaram e gritaram, “puritano! Tacanho! Sempre preocupadinho com os valores, a tradição, os princípios e as famílias carenciadas!”.

O rei do Reino já aqui ao lado, (aí adiante virar na primeira esquerda), alinhava frequentemente com a esquerda e nutria até uma humilde, mas sincera simpatia, pelo primeiro-ministro enérgico e musculado. Agora extinguir o Monstro do Divórcio Litigioso?! Não estaria aquele sr. Dr. Eng.º a querer acabar de vez com o casamento e a sua solenidade, para depois, quando já não passar de um talão de raspadinha, alargá-lo aos homossexuais?! Não que tivesse alguma coisa contra esta última hipótese, pelo contrário, se querem casar casam, mas casam como os outros!
Sentia-se sozinho o rei do Reino já aqui ao lado, ou pelo menos, pouco amparado nestes novos domínios da humanidade. Infelizmente, ia sendo cada vez mais comum no seu Reino, ( e certamente estaria a suceder isso mesmo com os socialistas), as pessoas não terem a noção do que é um casamento.
A própria tia Teresinha, (que o criou), era um bom exemplo disso. Quando enviuvou e percebeu, passado uns meses, que seu extremoso marido, além de muitas saudades, havia deixado também muitas dívidas… o espanto e indignação do ser quando percebia que, no casamento, os dois passam mesmo a ser um só em tudo, e também nisso, era uma coisa espectacular!

O Rei do Reino já aqui ao lado, (aí adiante virar à esquerda), até percebia a indignação, mas também não tinha problemas em admitir que seria incapaz de aconselhar alguém a celebrar um casamento. O casamento seria francamente dos piores contratos para se celebrar, admitia, mas havendo malucos para tudo, ele, Rei do Reino já aqui ao lado, como pessoa simpatizante de esquerda que se tinha, era pela liberdade e nada tinha contra o manter-se a instituição. E, até não se absteria de chamar a atenção para o facto, de existirem tantos outros contratos bem mais bonitos no código civil e sobretudo necessários.
O arrendamento, por exemplo, chega uma altura na vida de um jovem cidadão que, se não tem pais ricos e não quer conversas com o BES, lá tem de ser! Ou o contrato de empreitada … e mesmo o penhor, num aperto, não defendia, mas aceitava que fosse uma solução. O mútuo, quantos bons resultados já não deu, se as pessoas sabem o investimento a fazer, têm a noção das consequências e por isso o fazem.

O casamento era, na sua opinião, do piorzinho no código civil. No entanto, não faltavam por aí os que queriam dizer sim, juntar a família e os amigos, fazer uma grande festa e tornar público o seu compromisso. Esses, com toda a legitimidade, exigem que a sociedade seja sua testemunha, assinam papéis, (e já tinha visto casos de júbilo tal, em que até arroz atiravam para cima dos contraentes, no final da cerimónia).

A única forma coerente de os socialistas do Reino já aqui ao lado acabarem com o Monstro do Divórcio Litigioso seria acabarem com o casamento. Afinal, “é um contrato, estúpido!”, disse num momento de franco desabafo, “arriscamo-nos a ter uma receita de culinária regulada no código civil!”. As partes devem cumprir o contrato e tal, mas se uma delas não cumprir, a outra que se amanhe e não recorra a tribunais para procurar responsáveis e culpados, que isso é primário por amor de Deus?!
“O amor é assim! Quando não há amor a lei e o tribunal nada podem fazer por ti”, retorquia a esquerda abespinhadinha. Apontava como grande argumento contra o pensamento do Rei retrógrado do Reino já aqui ao lado, as pessoas evoluídas da Europa.
“Pois pensam todos muito mal“, atirou o rei com arrogância. Quem é que, (e esta era grande questão que o afrontava na luta pelo casamento), no seu perfeito juízo, é capaz de fazer isso a uma pessoa, só porque a ama? Quem, no seu perfeito juízo, é capaz de esposar uma pessoa só porque a ama?
“Querem festejar o amor vão para a praia com os amigos e convidem a família, ou bebam uma cerveja e prometam ficar juntos para todo o sempre, seus idiotas!”…
O rei do Reino já aqui ao lado (aí adiante virar na primeira à esquerda) estava indignado! Ele que tinha depositado tanta simpatia, (e até algum paternalismo), no primeiro-ministro enérgico e musculado, estava agora destroçado. Mais um bungi jumping como só a esquerda era capaz! E não bastasse, protagonizado pelo seu protegido, tido como pessoa de saudáveis tendências autoritárias.
Desde os seus tempos de jovem estudante que o rei se vinha desiludindo com a malta de esquerda e não havia maneira de aprender! No início é gente que até cativa, mas depois, a dada altura, entusiasmam-se com o ideal, a liberdade, o amor e de caminho atropelam direitos e garantias, em defesa do tal amor e da liberdade. Acreditava que não o faziam por mal, mas a mania da modernidade aliada a pouco estudo e falta de tempo para meditar, frequentemente, não gerava grandes ideias.
Impedir uma pessoa de ir a tribunal porque outra quebrou um compromisso, um projecto de vida comum, impedi-la de se ver ressarcida de opções que não tomou, ou que tomou porque era casada com outra, é desvirtuar uma instituição, é limitar o ser humano numa escolha, numa opção de vida, numa vontade … “E o amor?! O que tem o amor a ver com isto seus pategos?”, dizia já fora de si. Só um atrasado mental, (ou um apaixonado), mediria a decisão de casar pela régua do amor!

Por mero apego à diversidade não ia aceitar que deitassem caça ao Monstro do Divórcio Litigioso. Vetou a primeira, vetará a segunda e rais o parta se não ata o cinto de bombas ao peito, se voltam a falar nisso na Assembleia do Reino já aqui ao lado, (aí adiante virar na primeira à esquerda). No entanto, o que francamente magoava o Rei cândido, mas hirto, (e por vezes um pouco bimbo), era o silêncio da sua direita… Entretida nos banhos de Agosto, enquanto a esquerda tentava estragar, a brincadeira preferida deles!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Três dias de trabalho na Venezuela e é só ideias novas!

“O ministro da Economia e Inovação inicia, hoje, uma visita de três dias a Caracas acompanhado por uma delegação de empresários para dar seguimento aos instrumentos de cooperação celebrados entre Portugal e a Venezuela.”
In
SIC
(11/09/2008)
… Nem uma semana depois…

"O ministro da economia diz que se o preços dos combustíveis não descerem, vai tomar medidas!”
In
Sic
(17/09/2008)

Um pequeno aparte: Não havia reparado antes que Manuel Pinho é não só Ministro da Economia como também da Inovação. Os meus parabéns! De todos os piropos com que o nosso governo nos tem brindado este é o mais bem conseguido. Temo é que o pelouro da Economia ande a ser descurada em detrimento da Inovação …

terça-feira, 16 de setembro de 2008

"O alvoroço criado por estes desgraçados acontecimentos fez esquecer um relevante facto político: o novo visual do dr. Nuno Rogeiro.O estimável comentador político apresentou-se à puridade desprovido das enormes guedelhas, que haviam sido grisalhas, agora pintadas de negro, e aparadas no moderno corte "à búlgaro"."


By
Batista Bastos
in
Diário de Notícias

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Continuo barada com o novo procurador! É na minha opinião, do melhor que aconteceu na vida pública portuguesa durante este governação PS de choques tecnológicos, simplexes e taxas Robin dos bosques. É disto que nós precisamos. Lufadas de sensibilidade e bom senso com sotaque de Viseu.

É de aplaudir sobretudo a drástica mudança de um procurador que dava ares de grande inteligência e acabava sempre a fazer figura de parvo, para outro, que se faz de parvo, levando sempre a água ao seu moinho.

Já o novo bastonário é verdade que tem sido uma desilusão mas mais pela forma de comunicar (que varia entre os modelos esquerda revolucionária e Manuel Subtil) do que pelo conteúdo. Basta, aliás, relembrar a última polémica que envolve o bastonário. Novamente com os juízes, que aquele acusa de serem arrogantes, autoritários, corporativistas, pouco abertos à crítica e por aí adiante. Ora, para quem duvidasse de tudo isto, nada como ouvir o presidente do conselho de magistratura que em resposta defende , e passo a citar, "a criação de um um órgão de gestão disciplinar com poderes sancionatórios em relação a profissões com peso social relevante".

É mesmo isso pá! Mais uma autoridade nacional e uns quantos tachos para juízes. Arrogantes? Prepotentes? Com tiques fascizóides e pidescos? A ver pelo presidente da classe, quem diria tal coisa?! Só um louco realmente!
"Há pessoas que dizem que o benfica quis ganhar na secretaria aquilo que não conseguiu ganhar em campo."

By Judite de Sousa
In a Grande Entrevista (a Luís Filipe Vieira)

Shame on you benfica, a querer ganhar na secretaria o que o Porto conquistou a pulso em casas de alterne e com chocolatinhos!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Pepinos!

Era um avental vestido e a mão na anca e todos reagiriam com maior naturalidade às declarações do ministro da agricultura. Agora fato e gravata e aquela pose de ministro são expectativas demasiado altas para uma pessoa demasiado simples ...

terça-feira, 4 de março de 2008

Nabiças

Sobre as declarações do ministro Jaime Silva, "contra" o ex ministro Paulo Portas, a minha questão é, Jaime Silva trajava ou não trajava avental aquando as mesmas? Se não trajava parecem-me completamente inapropriadas... Só uma peixeira tem direito a dizer tais coisas e não levar com um processo de difamação em cima.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A Presunção de Mérito!

Antes de ir para o bird, João Cravinho deu um pacote ao país e ninguém quis saber do pacote dele para nada.
O PS ainda fingiu estar vagamente interessado no dito fez-lhe umas pequenas alterações cosméticas e levou-o a conhecer o parlamento e os senhores deputados. Mas, mesmo depois de desbotado das supostas inconstitucionalidades, o pacote não agradou aos senhores deputados e foi chumbado com a ajuda imprescindível do PS.
A celeuma começou logo porque o pacote de João Cravinho era, no entender de mentes excelsas da nação, inconstitucional! O pacote propunha a inversão do ónus da prova quanto aos crimes de enriquecimento ilícito de titulares de cargos públicos e isto seria inconstitucional por ofender a presunção de inocência, tão cara à nossa constituição, que a impõe cegamente ao estado no tratamento para com os seus cidadãos.
Eu enquanto cidadã devo confessar, que até fico comovida com estas preocupações do governo para com os cidadãos em geral e os titulares de cargos públicos em particular.
Não posso fumar em espaços públicos fechados mas sei que um dia, se exercer um cargo público, posso encher os bolsos à vontade que ninguém vai olhar para mim de esguelha por causa disso.

No entanto, na mesma enquanto cidadã, parece-me uma preocupação um tanto desmesurada!
Suponhamos que um titular de cargo público ganha 2.000,00€ ou 2.500,00 €/mês. Suponhamos também, que o titular de cargo público tem um apartamento bem bonito em lisboa, uma casa de férias mais bonita ainda e uma g’anda máquina à porta de qualquer uma delas. Os filhos estudam em colégios privados e a senhora sua esposa dedica-se a tempo inteiro à caridade ou melhor, é educadora de infância (mas veste sempre de fátima lopes p’ra cima). Seria inconstitucional perguntar, a este senhor titular de cargo público, como consegue?
Não só não consigo ver a ofensa à presunção de inocência, como vejo até uma presunção de mérito. O estado deve chamar esse cidadão, para poder observar de perto uma gestão financeira de sucesso feita por um seu assalariado médio.
Claro que ao observar de perto, o estado também podia descobrir que não passava tudo de uma grande marosca e também aqui se salvaguardava a presunção de inocência, pois estaríamos perante um criminoso e isso ajuda bastante a afastar a dita.
A minha sugestão é combater a corrupção com um espírito positivo. O cidadão titular de cargo público (ou não?!) com sinais exteriores de riqueza absolutamente incompreensíveis para o comum dos mortais deve ser chamado a explicar-se, deve ser investigado e todo o processo deve ser guiado com o espírito de quem quer aplaudir e tornar um exemplo a seguir esse cidadão, que tão profícua gestão financeira faz dos seus recursos.
Não há que estigmatizar a pessoa, afinal é titular de um cargo público…

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Uma higienização à política, isso sim, seria bem porreiro pá!

Admiro a reacção indignada do Bastonário Marinho Pinto à histeria do país, face às suas mais recentes declarações.
O bastonário Marinho Pinto diz, a corrupção granguena o estado da justiça (e tudo o resto) em Portugal!
O procurador abre de imediato um inquérito, os deputados “gritam como virgens ofendidas num bordel”, (bonitas palavras do bastonário), e os jornalistas ultimam, tem de provar o que diz, nomes queremos nomes!
É a completa esquizofrenia ou, como diria Santana Lopes, “desculpem, mas o país tá doido!”.
Há anos que todas as quartas-feiras, Pacheco Pereira diz o mesmo, apenas não utiliza o mesmo tom de revolucionário latino-americano. João Cravinho, outro exemplo, no pacote que levou à Assembleia, subliminarmente, não dizia mais que, este país não andará para a frente, enquanto não metermos alguns gajos na cadeia, por muito porreiros que eles sejam pá! E até ao sr. Presidente Cavaco já ouvi exactamente o mesmo, em uma de suas ponderadas reflexões.
No entanto, quando é o bastonário da ordem dos advogados a dizê-lo, uns mandam investigar, outros reagem de forma indignada e os jornalistas perguntam 3 e 4 vezes ao bastonário se ele tem mesmo a certeza do que diz e se o pode provar, (como se o cargo de bastonário fornecesse meios que o obrigassem a isso).

Para começar a combater a sério a corrupção dava jeito, só para começar, não reagir sempre com grande perplexidade às notícias que dão por garantida a existência de uma classe política corrupta em Portugal. É triste, mas começo a achar que o nosso país não sabe, ou não consegue fazer melhor, que indignar-se durante uma semana quando o assunto é o assalto constante ao património nacional. Foi esta a primeira mensagem do bastonário Marinho Pinto, nada de fitas, encaremos a realidade com coragem, toca a arregaçar as mangas e combatê-la. (uma fita vermelha atada à cabeça, teria ajudado a passar melhor a mensagem).

Na última parte da intervenção, ( sic notícias), o bastonário disse ainda, “o Parlamento devia abrir comissões de inquérito e averiguar as denúncias e suspeitas”… Comissões de Inquérito?! Por estas ideias é que o bastonário devia ser criticado. não se aprendeu nada com Camarate e os voos da CIA?!
De Marinho Pinto, sou sincera, esperava algo mais ousado, a ASAE a inspeccionar os gabinetes corruptos do país, à procura de sacos azuis e a pedir recibos, por exemplo. Agora comissões de inquérito?! Preferível um estudo técnico encomendado à DCICCEF.
Ainda assim, o ideal seria reagir com mais preocupação e menos histeria às declarações do bastonário e depois, como prova de boa vontade no combate à corrupção, olhar com mais carinho o pacote de João Cravinho, especialmente a sua inversão do ónus da prova e fazer de tudo isso, uma bonita maioria absoluta! (O medo de discutir o pacote foi tanto, que ele só podia ser bom…)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Conto de Um Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha)!

Primeiro a lei do tabaco!
Era uma vez, um Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), um primeiro-ministro enérgico e musculado, que implementou a proibição de fumar.

O fumo do tabaco não era um problema social.
Nesse Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha) muitas pessoas morriam de doenças respiratórias, mas muitas mais morriam de doenças cardiovasculares, cancros vários e ainda assim morriam cada vez menos se comparássemos com os cenários de antanho desse Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha).
Claro que, nem todos os males do reino eram provocados pelo tabaco. A má alimentação, a vida sedentária, o ambiente cada vez mais poluído do reino e mesmo as d. s. t., que sem matar moíam, ceifavam cedo de mais, vidas em muito boa idade de trabalhar, onerando a economia em geral e a produtividade em particular desse Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha).
Obviamente o tabaco não resolveria nada, mas era o primeiro passo mais fácil de dar.
O objectivo do primeiro-ministro enérgico e musculado, desse Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), era muito maior, mais grandioso… Um dia seria a lei do jogging!
O jogging matinal e de fim de tarde seria obrigatório no reino não muito distante, (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), aliando as ideias exercício físico e transporte para o trabalho, com as de combate à vida sedentária e melhor ambiente.
Seguir-se-ia a alimentação, começar pelo arroz doce e ir por aí fora até à aletria, e o dia haveria de chegar no Reino não Muito Distante, (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), em que a ração diária do indivíduo seria distribuída porta a porta e os comportamentos sexuais de risco, veementemente censurados.
Muitos liberais histéricos, já abespinhadinhos com a lei do tabaco, gritariam, “Ai a liberdade! Ai ai a democracia!", mas o primeiro ministro enérgico e musculado haveria de os chamar à razão.
Ele tinha uma arma secreta, o sistema de reformas de sonho desse Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha).

Por muito que se cuide todo o indivíduo chega a uma certa idade e já não rende como nos seus tempos áureos. Mais cedo ou mais tarde chega a altura fatídica, em que a rentabilidade do indivíduo deixa de compensar mantê-lo a render.
Aqui entra a grandiosa ideia do primeiro ministro enérgico e musculado. Algo de fazer corar a nossa república e as patetices de Alcochete.

No Reino Não Muito Distante, (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), todos os indivíduos que atingissem o chamado nível zero de rentabilidade seriam convidados a viver o resto das suas vidas, numas ilhotas simpáticas ao largo do Reino. Uma espécie de paraíso propositadamente construído para eles.
O convite seria feito de forma enérgica e musculada, como era aliás tudo o resto no Reino Não Muito Distante, (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha).
Nessas ilhotas simpáticas ao largo do reino muitíssimo distante, o indivíduo incapaz de render, produzir ou ser uma mais valia para a economia do Reino Não Muito Distante, (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), teria ao seu dispor todos os pecados e prazeres que lhe haviam sido negados antes. Uma compensação pelo esforço e altos serviços prestados ao reino e ao seu primeiro ministro enérgico e musculado.
Seriam banquetes de colesterol, espreguiçadeiras de esquina a esquina, bar aberto todos as noites e com happy hours durante o dia.
Lá, os comportamentos sexuais de risco não só seriam incentivados, como até fornecidos…
Mas primeiro a lei do tabaco.

MANIFESTO FUMADOR

Não me conformo de viver num país onde os incómodos estão a ser regulados por lei. Na minha humilde opinião, (qual humilde, desesperada mesmo!), a proibição do tabaco não passa disto, um incómodo regulado por lei!

As pessoas têm uma vida mais sedentária, o stress foi elevado à categoria de doença com ganas de epidemia e o ar, com ou sem tabaco, é cada vez mais poluído. Dizem-nos, não sabemos o que comemos e quão mal nos faz, mas proibir o tabaco isso é que sim, nos vai salvar a todos. Das duas uma, ou vão legislar sobre tudo isto ou o tabaco é apenas mais uma medida simbólica.
Percebo que a lei imponha a proibição de fumar em locais públicos fechados, já não acho aceitável fazê-lo em locais que, embora abertos ao público são de pessoas com o direito de decidir o que é ou não proibido dentro das suas portas.
As leis não servem para defender pessoas incomodadas com o fumo, sobretudo em locais onde não são obrigadas a estar ou a entrar.
Façamos um suponhamos, a pessoa vai a entrar num restaurante, não repara que se pode fumar lá dentro, senão quando, de repente, ai o cheiro letal do tabaco! Ora, numa situação destas, a pessoa faz o quê? Como todos os incomodados da vida, o incomodado com o tabaco muda de poiso.

O fumador paga à priori através dos impostos sobre o tabaco, todos os cuidados de saúde que possa vir a utilizar por ser fumador, os possíveis encargos dos não fumadores e se for preciso ainda dá o seu contributo para o pé de meia do novo aeroporto. A questão de sermos um encargo pesado para o Estado é uma falsa questão. Podemos sê-lo até, mas pagamos por isso e ainda deixamos gorjeta (cada vez mais gorda por sinal).
Se a ideia for acentuar também os impostos sobre o chocolate, o gelado, a alheira, o queijo da serra, o simples bolo de mármore ou algo tão simples como andar de carro, pelos possíveis danos que estes pequenos pecados podem causar ao consumidor e consequentemente ao sistema de saúde que vai tratar dele, acho muito bem. Desde que esses impostos sejam realmente ponderados, justos e equitativos. Quanto mais fuma o fumador, mais imposto paga o fumador, quantas mais vezes o fumador recorrer ao serviço nacional de saúde, mais vezes paga também, a taxa moderadora.
O estado vê o seu possível prejuízo completamente acautelado e fica resolvido assim, o primeiro problema de saúde pública.
Ora eliminado o problema de sermos, os fumadores, um encargo económico para o não fumador, (coisa que se realmente fosse verdade, me provocaria mais insónias que matá-los), passemos à segunda questão de saúde pública. Tentar não matar o não fumador!
Em tudo isto irrita-me sobretudo a personagem, sou fumador mas acho muito bem, porque as pessoas a quem o fumo incomoda têm o direito de ir a restaurantes, cafés, bares e discotecas, sem arriscar o cancro do pulmão.
É verdade têm esse direito ninguém põe em causa, mas, se calhar, se o mercado por si não cria mais espaços ou espaços exclusivos para vossas excelências que se incomodam com o fumo, temos pena! É a vida…

Há a fazer uma distinção importante. Existem três tipos de não fumadores, o que somente não fuma. O que não fuma e se sente incomodado com o fumo e, esta nova espécie ainda rara, mas em franco crescimento, o que não fuma e tem medo do fumador, esse assassino! Infelizmente, esta última espécie é a que está no poder.
Os primeiros, que me apraz dizer parecem a larga maioria, vão a cafés, restaurantes, bares, discotecas e estabelecimento de diversão/entretenimento ou relaxe e toleram os fumadores, os que falam alto, os que bebem um copo a mais. São os que não fumam mas aceitam os incómodos que o outro possa trazer atrás.
É difícil não incomodar as pessoas e as leis não servem para prevenir incómodos e desagrados. Gosto de pensar nas leis como um meio de permitir a vida em sociedade, que não tem de ser perfeita, apenas possível aos que quiserem ser perfeitos.
O não fumador incomodado com o fumo viu, no ano passado, todas as possibilidades de viver segundo o seu conceito de indivíduo perfeito preenchidas. É proibido fumar em locais públicos, hospitais, escolas, serviços públicos, transportes, etc. (igrejas?! Não sei se não é, mas se não é acho que devia…).
Realmente não havia muitos cafés/restaurantes, (salvo algumas cadeias de fast food), para não fumadores e, discotecas, francamente não me lembro de nenhuma. Porque será?
Porque o não fumador que se incomoda com o fumo raramente vai a esses locais, não só porque se fuma, mas também porque as pessoas bebem e falam alto. Em discotecas, as pessoas até dançam lá dentro! Empurram as outras, às vezes não nos conseguimos mexer e esperamos na fila para entrar. Também a música é demasiado alta e pouco apropriada a quem almeje ouvidos tísicos aos 80 anos, (e o cheiro a pessoas? Insuportável!).
Não há cafés, restaurantes, bares, discotecas, (os casinos ainda não percebi se precisam de defesa), para não fumadores que se incomodam com o fumo, porque normalmente eles se incomodam com facilidade e preferem ficar em casa.
Os locais de diversão não existem para não fumadores incomodados, tal como não existem para os incomodados em geral, porque a diversão normalmente é uma coisa que incomoda.
Só um crime merece força de lei. O tabaco não é crime e não era um grave problema social, pelo menos não, desde que se proibiu o seu fumo em espaços públicos fechados, (não confundir com espaços abertos ao público).