quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A Contar Carneiros

Na vida, sempre pensei, que era melhor só do que mal acompanhada. Não é que tenha mudado a minha opinião, mas em temas mais políticos, por muito mal acompanhado que se esteja, sempre deve ser melhor do que estar sozinho. Andei muito mal acompanhada neste último ano. Posso falar… 
A primeira vez que eu senti isto, foi em Junho, com o Brexit. Votar para sair da União Europeia, não é só uma panca de racistas e broncos da extrema-direita. Tal como a Irlanda e a Grécia – quem sabe a Itália?! – já o demonstraram antes, os povos da Europa querem menos União Europeia nas suas vidas e este sentimento existia, muito antes da questão dos refugiados. A vitória do Trump na América puxa para se enfiar tudo no mesmo saco, mas o Brexit e a vitória do Trump, não são a mesma coisa, nem aqui, nem em Marte. Aliás, a única coisa que estes dois assuntos têm em comum é o evidente défice democrático que afecta, tanto a União Europeia, como o “monstro cor-de-laranja”. E, dúvidas houvesse, basta pensar, que com o Brexit, a libra caiu e os mercados estremeceram, já com a vitória do Trump, o dólar subiu e os mercados, sem grande histeria, não desgostaram da novidade. Será que é a mesma coisa?! Um marciano que visitasse o planeta Terra por estes dias e fizesse uma pequena tournée pelos jornais, ficava a pensar que sim.      
Digo que me senti muito mal acompanhada no Brexit, porque as pessoas de bem têm tanto medo de racistas e parvalhões da extrema-direita, que preferem sacrificar valores tão nobres como a liberdade e a soberania, só para não ficarem ao lado dessa gente. Não quis saber. Aplaudi o Brexit à mesma, na companhia dos racistas e dos cretinos da extrema-direita e alguma gente de bem. Vi boas almas a defender o Brexit… 
O pior veio a seguir, com a proibição do burkini, nas praias francesas. Meu Deus! Não vi uma única pessoa decente do “meu lado”. Só xenófobos e idiotas da extrema-direita. Para conseguir ouvir alguém que partilhasse a minha opinião, era a oferta que havia no “mercado”. 
Lamento, mas nesta parte, vou ter de ir buscar o argumento nazi... As suásticas não são aceitáveis. Nós não toleramos pessoas na praia de braçadeiras com suásticas, por exemplo. Aceitamos suásticas no Carnaval ou no Halloween, mas fora estas duas ocasiões, as pessoas não toleram os símbolos do nazismo por aí espalhados, a conviver serenamente com o resto da civilização. O burkini  é a mesma coisa. É difícil entender isto? Deve ser, porque não vi uma única pessoa de bem do "meu lado", só grunhos e estupores. Fiquei preocupada comigo. Achei que tinha um problema e até procurei medicação contra a islamofobia, mas não há...


Melhorei bastante com esta historia do Trump. Sim, a vitória dele é uma tragédia, mas pelo menos aqui: “everything in its right place”, como diz o outro. Trogloditas de um lado, gente de bem do outro. 
Se os eleitores do Trump não votaram nas suas ideias racistas e xenófobas, votaram em quê? Na prisão da Hillary?! Secar o pântano?! Foi nisso que os americanos votaram? Um gajo que passou a vida toda a fugir aos impostos e a lixar a vida do próximo?! Oh pá! Isto vai ter muita piada…