Na vida, sempre pensei, que era melhor só
do que mal acompanhada. Não é que tenha mudado a minha opinião, mas em temas
mais políticos, por muito mal acompanhado que se esteja, sempre deve ser melhor
do que estar sozinho. Andei muito mal acompanhada neste último ano. Posso
falar…
A primeira vez que eu senti isto, foi em
Junho, com o Brexit. Votar para sair da União Europeia, não é só uma panca de
racistas e broncos da extrema-direita. Tal como a Irlanda e a Grécia – quem
sabe a Itália?! – já o demonstraram antes, os povos da Europa querem menos
União Europeia nas suas vidas e este sentimento existia, muito antes da questão
dos refugiados. A vitória do Trump na América puxa para se enfiar tudo no mesmo
saco, mas o Brexit e a vitória do Trump, não são a mesma coisa, nem aqui, nem
em Marte. Aliás, a única coisa que estes dois assuntos têm em comum é o
evidente défice democrático que afecta, tanto a União Europeia, como o “monstro
cor-de-laranja”. E, dúvidas houvesse, basta pensar, que com o Brexit, a libra
caiu e os mercados estremeceram, já com a vitória do Trump, o dólar subiu e os
mercados, sem grande histeria, não desgostaram da novidade. Será que é a mesma
coisa?! Um marciano que visitasse o planeta Terra por estes dias e fizesse uma
pequena tournée pelos jornais, ficava a pensar que sim.
Digo que me senti muito mal acompanhada no
Brexit, porque as pessoas de bem têm tanto medo de racistas e parvalhões da
extrema-direita, que preferem sacrificar valores tão nobres como a liberdade e
a soberania, só para não ficarem ao lado dessa gente. Não quis saber. Aplaudi o
Brexit à mesma, na companhia dos racistas e dos cretinos da extrema-direita e
alguma gente de bem. Vi boas almas a defender o Brexit…
O pior veio a seguir, com a proibição do
burkini, nas praias francesas. Meu Deus! Não vi uma única pessoa decente do
“meu lado”. Só xenófobos e idiotas da extrema-direita. Para conseguir ouvir
alguém que partilhasse a minha opinião, era a oferta que havia no
“mercado”.
Lamento, mas nesta parte, vou ter de ir
buscar o argumento nazi... As suásticas não são aceitáveis. Nós não toleramos
pessoas na praia de braçadeiras com suásticas, por exemplo. Aceitamos suásticas
no Carnaval ou no Halloween, mas fora estas duas ocasiões, as pessoas não
toleram os símbolos do nazismo por aí espalhados, a conviver serenamente com o
resto da civilização. O burkini é a mesma coisa. É difícil entender isto?
Deve ser, porque não vi uma única pessoa de bem do "meu lado", só
grunhos e estupores. Fiquei preocupada comigo. Achei que tinha um problema e
até procurei medicação contra a islamofobia, mas não há...
Melhorei bastante com esta historia do
Trump. Sim, a vitória dele é uma tragédia, mas pelo menos aqui: “everything in
its right place”, como diz o outro. Trogloditas de um lado, gente de bem do
outro.
Se os eleitores do Trump
não votaram nas suas ideias racistas e xenófobas, votaram em quê? Na prisão da
Hillary?! Secar o pântano?! Foi nisso que os americanos votaram? Um gajo que
passou a vida toda a fugir aos impostos e a lixar a vida do próximo?! Oh pá!
Isto vai ter muita piada…