segunda-feira, 17 de abril de 2017

In My Wildest Dreams

Desde miúda que acalento um pequeno Napoleão dentro de mim. Começou com as Caxinas. Eu e mais dois amigos decidimos criar um movimento, para que as Caxinas passassem a fazer parte da Póvoa. Eramos as FLAC. A Frente para a Libertação e Anexação das Caxinas. Chamo a vossa atenção para o pormenor de que primeiro iríamos libertar e só depois anexar as Caxinas. Faz toda a diferença.
Não eramos violentos. Aliás, a nossa grande estratégia para a libertação e posterior anexação das Caxinas era muito simples. Íamos remover a placa que dizia: "Bem-vindo a Vila do Conde" e coloca-la depois das Caxinas, ali na foz do Rio Ave, esperar 20 anos e adquirir as Caxinas por usucapião. Na altura parecia uma grande ideia... mas não foi. O máximo que conseguimos não chegou a um ano e depois da primeira vez que nos toparam, nem uma semana conseguíamos ter as Caxinas do nosso lado. Aparecia sempre alguém para repor as fronteiras. Um dia, o meu pai chegou à minha beira e disse:
- "Olha lá! Sabes alguma coisa sobre aquela história de andarem a mexer nas tabuletas de Vila do Conde?"
- " Por acaso sei. Acho que são as FLAC, que é um movimento que quer que as Caxinas passem a fazer parte da Póvoa... Não achas fixe? As praias das Caxinas serem nossas?"
- "O que eu acho fixe é que acabes com essa merda, antes que isso dê problemas a sério, pode ser?"

Encontro este mesmo tipo de mentalidade pequenina, quando digo às pessoas que devíamos investir na reconquista da Galiza. Porque a Galiza é a melhor parte de Espanha. Porque a Galiza fala galego e o galego, toda a gente sabe, é português com sotaque espanhol. Porque a Galiza tem a melhor comida e as cidades mais bonitas. Porque fica mal no mapa, aquela parte de cima do retângulo ser de Espanha. Sei lá... São tantas boas razões para a reconquista da Galiza. E as pessoas respondem-me: "Mas se a Galiza nunca foi nossa, como é que tu queres reconquistar a Galiza?". Estão ver? Com esta atitude não vamos de certeza... Aposto que o Pedro e o Vasco não tinham de aturar estas merdas quando estavam a descobrir o Brasil ou a abrir caminho até à Índia.

Ultimamente, o meu pequeno Napoleão anda de olho no Curdistão. Mas um Curdistão a sério, com tudo aquilo a que tem direito: um pedacinho da Síria, um pedacinho do Iraque  - que até já têm - mais um bocadinho do Irão, um niquito da Arménia e um belo pedaço da Turquia. E isto nem era por amor ao Curdistão, era só para não se armarem em parvos ali no Médio Oriente. Ao contrário da Galiza, não sei se o Curdistão tem as cidades mais bonitas ou se a língua deles dá para aprender a falar. Sei que são multiétnicos, que respeitam a liberdade religiosa, que aplicam o parlamentarismo e fomentam a diversidade partidária e que são os únicos naquela zona preparados para viver em Democracia, pois já o fazem todos os dias e no pior dos cenários.

Ora, pensando nisto tudo, decidi fazer aqui uma proposta séria, a todos os vileiros, espanhóis e - como dizer isto? - "psicopatas" do Médio Oriente em geral. É o que se segue:
Os vileiros, que estão aqui mais próximo, são os que levam a melhor oferta. Nós ficamos com as Caxinas e, em troca, (acho que os poveiros estão todos comigo nisto), vocês ficam com Argivai. Reparem! Estamos a oferecer-vos uma freguesia inteira por meia dúzia de praias. Parece-me irrecusável.
Espanhóis, para vocês, tenho aquilo que sempre quiseram. É isso mesmo!! Em troca da Galiza ficam com as Selvagens todas para vocês. A Grande, a Pequena, a Média, as caganitas... Enfim, todas aquelas ilhas do Atlântico e aquele mar todo até à Madeira fica para vós. Nem nos fazem falta, que calhaus é coisa que temos de sobra no país e, se acharem pouco, prometemos, também, não insultar as vossas mães da próxima vez que se discutir Almaraz. Não podem dizer que não é uma proposta tentadora...  
Já o Curdistão é um caso à parte. Em primeiro lugar, porque, ao contrário dos anteriores, não é um problema de ficar bem ou mal no mapa. E, em segundo lugar, não tenho nada para vos dar em troca, "psicopatas" do Médio Oriente. Assim, só sobra uma opção: ajudar os curdos a conquistar e construir o seu grande Curdistão, que tem o seu território bem delimitado e conhecido de toda a gente, servindo de castigo e ameaça a Bashares, Erdoganes e aos outros tiranetes que por ali dominam. Maior ou menor, todos são uma ameaça aos valores do Ocidente. O Curdistão não é...