sexta-feira, 19 de junho de 2015

A MÃO INVISÍVEL NÃO CHEGA!

Para mim ser um liberal na economia é o mesmo que ser um liberal nos direitos humanos. Não existe. Exagero? Quem é que põe o pão na mesa, a gasolina nos carros e a roupinha fresca depois do banho? É a filosofia? A homeopatia? Não. As últimas notícias dizem, continua a ser a economia. Por isso têm de haver regras fundamentais na economia.

Depois da novela do BES e do BPN vão continuar a insistir, que o problema é do estado social e dos reformados e dos trabalhadores, que têm de ganhar menos e trabalhar mais?
Todos aqueles dias de comissões no parlamento, não ensinou nada esta gente? Ou a ideia é repetir várias vezes que foi o estado social e a bolha da educação e da saúde, que nos levou à falência e esperar que um dia isso se torne verdade?!

Alguém se lembra do escândalo do HSBC de há poucos meses atrás e da famosa lista da fuga fisco? Acho que foi pela mesma altura, que andava tudo mais preocupado em saber o que bebia e o que comia, o ministro das finanças grego. Por exemplo, eu não sei se o ministro das finanças grego bebe vinhos caros ou não, nem quantos milhões devemos há Europa, mas sei que temos uma funcionária das finanças, portuguesa, que tinha 2,5 milhões de euros no HSBC. É a única coisa que eu sei, ou sabia, sobre esta senhora. Não sei se ela continua a trabalhar nas finanças, que vinho bebe ao jantar e se continua a ter 2,5 milhões de euros no HSBC, porque, pelos vistos, não interessa a ninguém.    

Também não sei se a resposta a tudo isto é um rendimento máximo, como diz o Marinho & Pinto, mas tem de existir algum travão eficaz contra a amplitude de salários que vemos dentro das empresas.
Hoje em dia, os patrões, chefes, administradores, CEOs, ou o que lhes queiram chamar, não se podem dar ao luxo de ter trabalhadores a ganhar um salário mínimo de 500 euros e um administrador não executivo, (que é um administrador, que não administra), a ganhar 5 mil euros à reunião. Não há produtividade de massa laboral que aguente isto. E enquanto tivermos administradores a ganharem consoante os lucros (fictícios), que (não) geram, não vai haver estado social que resista. A questão é, se alguma coisa digna resiste a isto?

Não se pode combater o desemprego com despedimentos mais fáceis. Nem com salários mínimos de 500 euros. Podem ser medidas muito eficazes. Claro que são. Se baixarem a treta do salário mínimo, para duas sandes de queijo por dia e um cobertor, eu própria estou disposta a dar emprego a duas pessoas. Ou pensando melhor não estou, porque isso é muito pouco digno.

Diminuir os custos do trabalho, baixando salários, sem se baixar ao mesmo tempo os custos da energia, da habitação, da saúde, etc. – tudo coisas que têm vindo paulatinamente a aumentar – é atirar pessoas para a pobreza e para a miséria. Na melhor das hipóteses, é atirar pessoas para viverem acima das suas possibilidades.

Resumindo:
Devíamos estar mais preocupados com os que vivem acima da sua produtividade e não com os que vivem acima das suas possibilidades. E acreditar que o mercado “em roda livre”, se organiza para dar o melhor ao mundo e às pessoas, é tão idiota como acreditar na bondade natural destas. Ou será mais idiota?...