De realçar as declarações de um adolescente na sinopse do festival transmitida pelo jornal da noite, "Acho que há muita droga por aí", disse o jovem adolescente com um misto de tristeza e desilusão no olhar. Declarações bonitas que me sensibilizaram, mas a meu ver inadequadas.
Lembram-me uma conversa ao telemóvel com a minha mãe no decorrer do festival. O prólogo do costume, "está tudo a correr bem?"," foste à praia?", "puseste protector?", "quantos banhos tomaste?". Por fim a bonita mas inadequada pergunta, " e as condições como é que são as condições?". Nestas alturas eu tenho que trazer a minha mãe, à minha realidade e dizer-lhe, que a música é muito boa, as bandas do melhor, o pão com chouriço e as bifanas nada a apontar e o espírito impecável, mas condições, condições é coisa que não existe por aqui. Quero com isto dizer que, assim como ninguém vai à zambujeira à espera de encontrar condições, também ninguém está espera que as pessoas aguentem a provação sóbrias. Eu sou da opinião que o vallium e o xanax deviam ter a sua própria barraquinha no festival. E, já agora, o psicológico devia deixar de vender cachorros e burguers e passar a fazer jus ao nome, existindo como barraquinha de apoio psicológico ao festivaleiro. Sobretudo de manhã, sabe deus a falta que me fazia algum apoio psicológico... Nas manhãs mais difíceis, em que me questiono do porquê de repetir a experiência, digo a mim mesma que se por um terrível acaso do destino tivermos que sobreviver num campo de refugiados nós, os festivaleiros, seremos os mais bem preparados... E se puserem música lá no campo aposto que até conseguimos ser felizes!..