quinta-feira, 15 de setembro de 2016

I LOATHE EU

Quando uma pessoa pensa que já viu palermas de todos os tipos, com cartazes na rua, a vida vem e surpreende-nos todos os dias com novos exemplos de palermas e os cartazes que eles trazem para a rua. Dos palermas todos a segurar cartazes na rua, os "I love EU" são os meus favoritos. Têm aquele cheirinho a América Latina, onde até já começa a ser raro ver propaganda destas nas ruas. É mais coisa para a Coreia Norte, o amor aos líderes e às instituições. E em Angola também se usa muito, diz que há muito amor ao "Zédu" por aqueles lados, seja lá o que isso for. Na Europa é uma estreia. É uma ideia que eu deixo àquela malta da ONU, de um novo critério para apreciar o desenvolvimento das nações: o amor que um povo nutre pelos seus líderes e pelas instituições que os governam.
Tenho de confessar que eu congelo um bocadinho por dentro, sempre que vejo um palerma com um cartaz a dizer: "I love EU". Uma pessoa anda há anos a tentar convencer-se que isto não está a caminhar para a união soviética e depois surgem estas marchas a dizer: "We love EU" e todos os meus argumentos caem por terra... Tantos ditadores ao longo da história e foi preciso um gajo raptar meia dúzia de pessoas, em Estocolmo, para termos um nome bonito a descrever o conceito de xonés.   

Lembra-me uma música que reza assim: "Never tell the one you love that you do, save it for the deathbed". Não sou ninguém para vos dar conselhos sobre a vossa vida intima, como o Matt, mas é um bom princípio para ser aplicado à política. Haverá certamente bons políticos no mundo, a fazer um bom trabalho e sabem qual a atitude de um país do primeiro mundo, para com estas pessoas? Não é nenhuma. Afinal não fazem mais que a sua obrigação. É uma das chatices do serviço público. O nome já diz tudo, a pessoa faz bem e não faz mais do que a sua obrigação.
Imaginem que um dono de uma PME, com cerca de 20 empregados, aparecia um dia no armazém com um cartaz a dizer: "O Adalberto é o melhor empregado do mundo e eu amo-o por isso". Nunca aconteceu, nem vai acontecer, pois além de pregar um susto de morte ao Adalberto, o mais certo é que o Adalberto não fizesse mais nada de jeito no trabalho a partir daí. Acontece o mesmo com a política e os políticos. Não sejam groupies! Estragam a vossa vida e a minha também. Sobretudo os fãs do Professor Marcelo, até fico agoniada com tanto afecto. Credo! A sorte é que ele não atira ao fascismo ou estava tramada com vocês. 
O máximo de afecto que uma pessoa deve ter por um político é dar-lhe uma galheta no cachaço e dizer: "Presta atenção à tua vida, pá!" Mais do que isto acho que é estragar.