quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

GRANDES IDEIAS PARA A PRESIDÊNCIA

As presidenciais estão aí à porta. Sempre sonhei ser presidente. Ou presidenta. Tanto dava. Infelizmente, entre as férias de verão e o natal, mais aquele meu lema que manda: "se não te apetece fazer hoje, deixa para amanhã", (era o hino da minha campanha), perdi completamente o timing para apresentar a minha própria candidatura à presidência da república.
É uma pena porque eu tinha ideias muito válidas para um mandato presidencial. Cavaco foi uma inspiração.

A minha primeira medida no comando, passava logo por propor uma abolição da terceira pessoa, no trato social. Nada de formal. Seria apenas uma mensagem positiva, que eu ia deixar no final dos meus discursos: "Sejam menos betos portugueses!"
Há demasiados betos para um país tão pobre. Pessoas que se ofendem quando o outro os trata por tu. E depois ainda olham para mim com aquela cara de:
- Já viste a lata?!
- Que horror! - respondo eu - A tratarem-te por tu, como se tu fosses uma pessoa?!
A maioria não só não percebe, como até acena a concordar.

Só na justiça, (e talvez na política também), isto se justifica. Tendem muitas vezes a descambar na linguagem e é melhor levantar ali uma barreira de ilustres colegas e distintos doutores, que torna mais fácil dizerem as piores coisas uns aos outros. Exemplo?
"Ilustre colega Dr. Nuno Pinha,
Dou por recebido o email do digníssimo colega, que muito agradeço.
No entanto, tenho de lhe transmitir, que a proposta do seu cliente parece saída de um enorme charco de caca…" e assim por diante, sempre a descer o nível. Se mantiverem a terceira pessoa do singular, nada vos pode correr mal.
O tratamento por tu nestas profissões não ajuda e até pode gerar situações de desrespeito, ofensa e violência, que é sempre o que se deve evitar, no trato social. Já médicos, engenheiros, economistas, doutores em geral, francamente pessoas, tratem-se por tu.
É por isso que a América é a terra das oportunidades e onde todos os sonhos se concretizam. As pessoas lá dizem "fuck you!". Não ficam a pensar se vão dizer: "vai-te foder!" ou "vá-se foder!" e isso faz toda a diferença. 

Outra medida que eu tenho, é um bocado mais polémica à primeira vista, mas também pretende combater uma coisa muito mesquinha do trato social. É sobre os chamados parasitas da sociedade. Aquelas pessoas que vivem há anos à conta do Estado, através do rendimento mínimo ou do subsídio de desemprego ou da pensão de invalidez e depois passam os dias todos enfiados no café. Ou o senhor que utilizou mais vezes o SNS. Ou o reformado há mais tempo.
No meu mandato presidencial, eu prometia tirá-las a todas do anonimato e condecorá-las. Ouviram bem. Enchê-las a todas de medalhas, no bom sentido da expressão.
Comigo na presidência seria este o caminho das condecorações. Os portugueses poderiam ver com os seus próprios olhos, que o dinheiro dos impostos não serve só para salvar bancos e pagar a dívida à Europa. O senhor que utilizou mais vezes o SNS era logo o primeiro. A Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique era dele, já em 2016.  

Por último sugeria que todos os bancos do país com problemas de solvência, mudassem o nome para casino. Aliás, esta era a solução que uma presidenta como eu proporia, para o caso BES. Não era dividir aquilo em banco bom e banco mau. Era deixar tudo na mesma, tirar o B e pôr um C e ficava: CES - Casino Espírito Santo. Se calhar também lhe punha mais uma borboleta do outro lado... E depois podiam continuar no “mercado”, mas restritos ao negócio dos jogos de sorte e azar. Na verdade era mais jogos de azar.

O meu mandato presidencial ia ser assim. Uma espécie de magistratura de sugestão. Parece que as minhas medidas são muito boas e vão ter alguma influência, mas não vão. É só placebo.