quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Podem casar, mas não podem adoptar?!...

O casamento homossexual deprime-me. Não o casamento homossexual em si, sou completamente a favor do casamento homossexual. Aliás, mais do que ser a favor, acho que o país precisa disso, mais casamentos, mais famílias e se mais adopções, melhor ainda. Tendo em conta o desempenho do Estado, a proteger as suas crianças, o casamento gay só podia ser uma boa notícia.
Tenho há muito tempo a convicção, que a uma criança, para crescer física e mentalmente sã, ela precisa do carinho, da atenção e do cuidado dos adultos. Se uma tia, dois pais ou um irmão mais velho é absolutamente indiferente e apesar da minha parca experiência com petizes, posso afirmar com segurança, que os pais infelizes, frustrados e atormentados é que são um perigo e uma violação dos direitos da criança. O género, a idade e a orientação sexual são mariquices, e as preocupações com a figura maternal e com a figura paternal, Deus me perdoe, se isso não é coisa de gente fútil.
O que me deprime no casamento homossexual é a importância que lhe damos, a histeria com que ele se discutiu e, principalmente, a esquizofrenia com que o legislaram.
Primeiro mito? Não era nem nunca foi, uma questão de direitos fundamentais. Havia uma lacuna na lei, sim senhor, mas não uma descriminação. Os homossexuais podiam casar, muitos deles casavam, e quando casavam, queriam casar com uma pessoa de sexo diferente, (é o chamado tapar o sol com a peneira), e questão técnica arrumada.
Se não queriam casar com uma pessoa de sexo diferente, então não casavam e faziam-se à vida. Um gay juridicamente despachado, não encontrava impedimento legal, ou, pelo menos, não mais do que o comum dos mortais, ao seu direito de constituir família. Há tanto notário por aí a precisar de trabalhar, que qualquer pessoa garantia o que quisesse, ao terceiro que bem entendesse e fazia valê-lo em tribunal, nos hospitais e no paraíso até, se nisso estivesse empenhado.
Mas os homossexuais queriam que o Estado previsse e que legislasse e não queriam uma figura nova, queriam a analogia. Ora, tendo havido uma maioria de esquerda, no parlamento, a mim parece-me bem e acima de tudo, parece-me justo. Se me parece lógico ou coerente? Não, lamento mas não me parece, parece-me até uma coisa bastante parola… e que seja! O Tony Carreira também é e tem direito a existir como os outros.
Mas não bastasse a falta de assunto do casamento homossexual, estragam tudo com a adopção! Se dantes, o contrato de casamento não constituía uma afronta ou uma descriminação, com base na orientação sexual, com esta nova lei, que proíbe, especificamente, os casais homossexuais de adoptarem, não tenho dúvidas em afirmar que o é.
Terminando com o início, o que me deprime no casamento homossexual, é que não passamos nem metade do mesmo tempo a discutir a justiça, a educação, a reforma da função pública, ou a corrupção e mesmo passados quinze anos a discutir o assunto, fazem merda na altura de legislar. Assim não vamos longe!