quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Diz que vai ser uma defesa enérgica, musculada e feroz!

José Sócrates detido. Houve gente chocada, gente consternada, gente surpreendida e até o Santana Lopes ficou triste e acabrunhado, (LOL!). Mas das reacções à prisão do senhor engenheiro, a que mais me surpreende é a das pessoas que acharam isto uma surpresa. A sério?! Tiveram mais de 5 anos para se prepararem! Não há necessidade... Valha-nos a atitude de António Costa, o único envergonhado.
Foi muito estrondo! Casas no Marquês, estudos principescos em Paris, férias no Pine Cliffs Resort, fatos Armani comprados na loja mais cara de Los Angeles. Estava-se mesmo a ver que a seguir... uma estadia na Carregueira.
Não percebo todo este drama?! O camarada Vara também vai lá parar, daqui a uns tempos e pode fazer-lhe companhia, sendo que o jogging é um desporto fácil de praticar na cadeia - olha se fosse surf?!
Por isso o Pedro passa férias na Manta Rota, que ele sabia ao que vinha. E eu também sei, que passei muitos anos férias na Manta Rota e posso assegurar, que é só gente séria a passar férias ali. Os trafulhas vão todos para Monte Gordo.
Nada me diverte  mais, que ver trafulhas detidos, a chafurdar na lama, caídos em desgraça, etc. Quero dizer com isto que? Sim. Festejei alegremente a detenção deste fim-de-semana!
Só que ao fim de 3 anos de governo PSD e depois de estragarem a saúde, a educação e a justiça, será que pôr trafulhas na cadeia, compensa tudo isto? Tenho muitas dúvidas.

Tem-se falado muito do processo Casa Pia, que também começou com um governo social democrata. Nada contra! Uma janela para o mundo, o processo Casa Pia. Todos pedófilos! Só pecou, certamente, pelos que ficaram de fora. Uma pessoa lê o acórdão do processo e chega à conclusão, que andava tudo a comer criancinhas desfavorecidas nos anos 80, porque neste país, os poderosos, enquanto são poderosos, podem fazer tudo o que querem.
Para quem acha que não aprendemos nada com o processo Casa Pia, recomendo vivamente, uma parte do acórdão, em que a sôtora juíza relatora do mesmo, intrigada com o pouco à vontade dos funcionários da Casa Pia, a prestar o seu depoimento, interpela directamente um deles e transcreve uma conversa que é mais ou menos assim: "Ouça lá, mas o senhor foi ameaçado, tem algum problema em falar ao Tribunal? - e até descansa o senhor dizendo: "Olhe que o senhor está aqui como testemunha, nada de mal lhe pode acontecer, por dizer a verdade".
Ora, sentindo-se à vontade, o senhor disse a verdade. E a verdade é que tanto aquele senhor, como muitos outros funcionários da Casa Pia, se sentiam pouco à vontade a testemunhar no julgamento, porque nunca pensaram que fosse um caso de polícia, gente rica e poderosa, levar crianças institucionalizadas e entregues à guarda do estado, para festas e orgias. Para a maioria desta gente fazia parte do "contrato social".
A imensidão de pessoas que, não participando ou defendendo a pouca vergonha que se passava na Casa Pia, também não fez absolutamente nada, fechou os olhos e dormiu de consciência tranquila com isso, é que é a grande lição do processo Casa Pia. Continuamos a ter demasiada gente desta no nosso país!    

Mas, na altura, se bem me lembro, tal como agora, trafulhas na cadeia, (naquele caso, pedófilos na cadeia), mas o país deixa de funcionar. As escola não começam a tempo, nem prometem recuperar o tempo perdido. Os tribunais estão um caos e a saúde está doente... mas estamos a pôr os trafulhas todos na cadeia. Isto chega?
Tem de se começar por algum lado e se fosse eu, também começava assim, a limpar a casa primeiro. Convém é ter o cuidado de, no fulgor da limpeza, não partir a mobília toda pelo caminho.

Para terminar, um pequeno aparte: havia necessidade de prender o senhor, a uma sexta-feira, acabadinho de chegar de Paris? Digo isto, mas, para mim, ele devia ter sido preso na quinta, ou na quarta, ou na terça, ou lá quando foi a ida para Paris. Até me surpreendeu, o senhor engenheiro. Só veio à terceira, mas veio! Muitos temos que fugiram para o Brasil, (Cabo Verde...)... E nunca mais voltaram!
Ora se o senhor vinha de Paris e é sexta-feira, não ia a fugir. Não podiam fazer as coisas no horário normal de expediente? Na segunda-feira ir a casa do Sócrates e detê-lo na residência oficial? A mim dava-me um jeitaço, que eu trabalho ali perto e podia ir até lá bater palmas e gritar: “trafulha!”, “já vais tarde!”…
Não me lembro da última vez em que o super juiz Carlos Alexandre teve um fim-de-semana descansado. Ele é casado? Eu se fosse mulher dele não aturava isto, por muito bem que trouxesse ao país - “Carlos Alexandre! Tem paciência! Ou a justiça ou o nosso casamento!”
É só uma sugestão que eu deixo. Lá porque os senhores fiscais e polícias não têm vida familiar ou social, o resto de nós, mesmo quando não tem, quer é beber copos à sexta à noite!