domingo, 6 de abril de 2014

Please don’t ask and Please don't tell!

Será que os homossexuais devem mesmo sair do armário?
Tenho ouvido isto recorrentemente, vindo de jornalistas, comentadores, políticos e sobre as mais variadas actividades: desde polícias, militares, os próprios políticos, jogadores da bola, etc. E lembro-me até de um político qualquer da cena internacional, (o ministro australiano do desporto?! seria?), dizer, sobre os jogadores de futebol do seu país: quem é gay e joga a bola, devia encher os pulmões de orgulho, convocar a "media" e dizer alto e bom som, para toda a gente ouvir: "Eu sou gay e jogo à bola!", porque, ao que parece, é muito importante que os homossexuais se assumam, sobretudo, se forem jogadores da bola, militares ou políticos.
Inclusivamente, li também, que o governo australiano vai permitir aos seus militares, desfilarem em paradas comemorativas de orgulho gay, lésbico e transsexual, com a farda do trabalho. Sim. Com a farda! Não sei se armados também?! Nada contra, mas será mesmo necessário permitir o deboche, para lutar contra o preconceito?
Atravessando o atlântico, faz-me lembrar a lei americana: "don't ask, don't tell", essa pérola da legislação internacional, que consistia, como o próprio nome advinha, em nada se poder dizer sobre o assunto. O colega não tem o direito de me perguntar se eu sou gay e mesmo que mo pergunte, eu não tenho o direito de lho responder, ou melhor, eu tenho o dever de não lho responder. É ou não é bonito? Digo mais, esta lei americana só peca - aliás, pecava, que ao parece foi abolida em mais um daqueles tsunamis do politicamente correcto - e pecava pelo âmbito subjectivo dela, pois só os militares eram obrigados a esta regra. E pelo objectivo, apenas os comportamentos homossexuais preocupavam.
Infelizmente, (ou felizmente, quem sou eu...), devia ser assim em todas as profissões e locais de trabalho e sobre todos os assuntos, que não os estritamente laborais. Porque é que uma pessoa, seja ele das forças armadas americanas, seja ele da repartição de finanças do Lumiar, há-de querer partilhar com os colegas de trabalho, a sua orientação sexual? O nome da pessoa a ligar em caso de emergência, ainda vá, mas mais do que isso, eu não vejo necessidade. A não ser que sejam amigos, mas aí, ora lá está, já não estamos a falar de trabalho.
Como diria Kramer, (nessa bíblia das relações humanas chamada Seinfeild), são dois mundos distintos, o trabalho não tem nada a ganhar com a família e a vida íntima de cada um. Deve ser um lugar de paz, onde a orientação sexual, o estado civil e os pormenores das relações com a mãe, a sogra, o marido ou a namorada, deviam ser tabu obrigatório e a sua violação, um crime tipificado e punido por lei!
Será que dantes, na América, um militar podia dizer que era virgem?!  Navegando assim o preconceito, a minha preocupava-me mais um militar virgem, que um gay... E é este o problema de discutir estes assuntos com os nossos compinchas de labuta, facilmente cais no ridículo, a discutir o que não interessa.
Já agora e novamente, deixo também este conselho de Kramer para os casais, quanto aos assuntos de trabalho, na vida familiar: não se traz trabalho para casa! Quantos casamentos não terão visto o seu fim antecipado, massacrados por essa pergunta assassina: "como foi o teu dia querido/a?".
Há coisas que não devem sair do armário e há outras, que não têm de lá entrar!