quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Clowns to the left, Jokers to the right!

Acho piada àquela malta de direita, que sentada confortavelmente no seu sofá, provavelmente de copo na mão, pijama e um pratinho de queijos ao lado, faz piadas dos preconceitos da esquerda. Podiam escrever sobre literatura, música, cinema, artes marciais, quem sabe, os mais ousados, mas não, gostam de mandar bitaites para a cozinha, quando a vida deles é sala de estar e restaurantes. Acho piada...
Também dizem muitas vezes, se repararem, (nem dizem, choram-se, como é habitual), que as pessoas nunca fazem piadas contra a pauta da esquerda, porque não têm coragem e são hipócritas. A sério?! É mesmo não perceber nada sobre a esquerda. Não se fazem piadas sobre os “bonzinhos“, porque, como diria o grande Raul Sonaldo, não é preciso e em muitos casos é até cruel. Quem se lembra daquela notícia do barco da green peace ou doutra coisa desse género, que, não há muito tempo, saiu oceano afora, em busca de provas sobre o degelo do Árctico, acabando encalhado, no dito gelo do Árctico. Se uma pessoa fizer piadas estraga...
Nos ditadores, isso também se vê muito bem, quantas belas piadas se fizeram sobre Hitler, Mussolini e, não o metendo no mesmo saco, Salazar? Não preciso pensar muito, para me lembrar de algumas e Hitler, bem sabemos, dava para passar uma tarde inteira a contar graçolas da segunda guerra mundial e do homicídio de seis milhões de judeus, sem qualquer sentimento de pecado. É tudo tão mau acerca do nazismo e do fascismo, desde os meios aos fins, que o humor até funciona como uma espécie de exorcismo.
Fidel, Hugo, Mao, Estaline… só para citar os meus “favoritos”, quantas piadas se conhecem?! Eu própria já tentei fazer piadas sobre Estaline, (ainda é o que me parece mais fácil de desfrutar), e o resultado dificilmente alcançaria mais do que uns sorrisos amarelos. Mas, se eu tivesse mesmo de me identificar com algum, (e não me identifico, é sempre bom sublinhar), de entre todos os ditadores de esquerda da história, seria Mao Tsé-Tung, (desculpa Hugo!).  É verdade que a América Latina tem muito e bom por onde escolher. Já com Cuba, não consigo ter muito sentido de humor, (apesar dos fatos-de-treino maravilhosos),  é uma espécie de Benfica para mim, mas sem momentos de glória. As circunstâncias não ajudaram, mas também é verdade, que ninguém quis saber das circunstâncias. Ainda assim, volta e meia dou comigo a pensar: “Agora com o irmão Raúl é que isto vai ao sítio!”. Pode ser… se as coisas vão ficando melhores, para quê deitar abaixo?
Escolho Mao, porque não me admira e consigo perceber, que em chegado ao poder tivesse mandado tudo o que era intelectual e académico trabalhar para o campo. Plantar batatas, cebolas, colher alfaces, fazê-los andar uns tempos de sachola na mão, enfim, essas coisas que ajudam à formação do carácter e a definir melhor as prioridades. É o que me dá vontade de fazer, quando oiço alguma desta gente falar.
Gente que defende, que não é da nossa conta e não tem mal nenhum dar 5 milhões ao Zeinal Bava para sair da Oi, (oi?! 5 milhões?!!!), e que esse dinheiro não vai fazer qualquer tipo de falta à economia, ou pior, que esse senhor de facto produziu alguma coisa, durante toda a sua carreira, que venha alguma vez na vida a corresponder aos 5 milhões que ele recebe agora, descontando os milhões que entretanto já recebeu. E para não falar só do mais recente e estrangeiro, façamos o mesmo exercício em relação ao senhor Mexia, por exemplo. Ainda que o senhor trabalhasse 24 horas por dia na EDP e tivesse 30 mil fusíveis inseridos no rabo, alguém de bom sendo pensa, que o seu trabalho, fosse lá ele qual fosse, valia os 4, 5, 6 milhões (?!), que enfiou ao bolso na EDP?... Eu tenho muitas dúvidas.
E depois atiram-me com a cartilha da liberdade, como quem acena a toalha vermelha ao toiro. Sabem que somos amantes da liberdade e dizem-nos: "E na economia, não querem liberdade?!" A mim apetece-me logo responder: “E na segurança? Também não querem um bocadinho de liberdade, oh imbecis!” Pensar, que o mercado, sozinho, se organiza para conjugar os interesses de todos os envolvidos, já no século XIX, não me parece que fosse uma ideia muito inteligente, em pleno século XXI, acreditar nisso, é tão ou mais idiota, que acreditar no bom selvagem do Rousseau.
É uma contradição pensar, que, por uma lado, os políticos não podem, nem devem ter muito poder, nem este deve ser ilimitado, porque o poder cega uma pessoa, (e eu concordo), gera caciques e compadrios, (e eu concordo), cria ditadores e em alguns casos psicopatas, (e eu concordo!). Mas, ao mesmo tempo, na chamada “sociedade comercial”, esse mesmo poder ilimitado já não lhes faz confusão nenhuma.
Sim, porque ao contrário do que as pessoas possam pensar e como diz a Rita, (a minha coleguinha de escritório), o dinheiro não traz amor, não traz família, não traz amigos, não traz saúde, mas traz felicidade! Felicidade instantânea quando vem parar  à nossa mão, ou, alguém já viu, uma pessoa infeliz depois de ganhar o euromilhões? Claro que não! E traz muito poder com ele também, porque, ora lá está, não compra amor, não compra família, não compra amigos, nem saúde, mas compra tudo o resto, o que hoje em dia é muita coisa. Ainda que seja pelo seu mérito, pelo seu trabalho, pela sua sagacidade e inteligência, (o que neste país, nunca é!), será legítimo uma pessoa abarcar toda a riqueza criada à sua volta, quando bem sabemos, como diz o velho ditado, que ninguém consegue nada sozinho?
Eu sou a favor da liberdade e do liberalismo e até da libertinagem, em todas as áreas das nossas vidas, menos no que toca ao dinheiro em particular e à economia em geral. Uma pessoa fica com a sensação, que em relação à intimidade dos cidadãos é tudo controlado e vigiado, como se fôssemos atrasados mentais, já em relação aos mercados é só virtuosismos e vale tudo menos arrancar olhos. Quando as pessoas, ou, neste caso, os “comerciantes” começam a arrancar olhos é que o liberal se ultraja e diz: “Isso é que não, que fica mal!”. Espezinhar, oprimir, acabar com os recursos disponíveis à sua volta, claro, desde que seja pelo “mérito“, até dão benefícios, isenções e paraísos fiscais.
Sou contra os “gigantes” em todo o lado, mas, na economia, já devíamos ter percebido, que o problema de deixar crescer as pessoas singulares ou colectivas a gigantes, é que, ao contrário das chamadas PME, se aquelas caem, quem tem de suportar o prejuízo, somos sempre todos nós, (pura realidade!). Nada mais justo, então, que quando haja o benefício, o "suportemos" todos juntos também.