sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Conto de Um Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha)!

Primeiro a lei do tabaco!
Era uma vez, um Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), um primeiro-ministro enérgico e musculado, que implementou a proibição de fumar.

O fumo do tabaco não era um problema social.
Nesse Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha) muitas pessoas morriam de doenças respiratórias, mas muitas mais morriam de doenças cardiovasculares, cancros vários e ainda assim morriam cada vez menos se comparássemos com os cenários de antanho desse Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha).
Claro que, nem todos os males do reino eram provocados pelo tabaco. A má alimentação, a vida sedentária, o ambiente cada vez mais poluído do reino e mesmo as d. s. t., que sem matar moíam, ceifavam cedo de mais, vidas em muito boa idade de trabalhar, onerando a economia em geral e a produtividade em particular desse Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha).
Obviamente o tabaco não resolveria nada, mas era o primeiro passo mais fácil de dar.
O objectivo do primeiro-ministro enérgico e musculado, desse Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), era muito maior, mais grandioso… Um dia seria a lei do jogging!
O jogging matinal e de fim de tarde seria obrigatório no reino não muito distante, (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), aliando as ideias exercício físico e transporte para o trabalho, com as de combate à vida sedentária e melhor ambiente.
Seguir-se-ia a alimentação, começar pelo arroz doce e ir por aí fora até à aletria, e o dia haveria de chegar no Reino não Muito Distante, (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), em que a ração diária do indivíduo seria distribuída porta a porta e os comportamentos sexuais de risco, veementemente censurados.
Muitos liberais histéricos, já abespinhadinhos com a lei do tabaco, gritariam, “Ai a liberdade! Ai ai a democracia!", mas o primeiro ministro enérgico e musculado haveria de os chamar à razão.
Ele tinha uma arma secreta, o sistema de reformas de sonho desse Reino Não Muito Distante (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha).

Por muito que se cuide todo o indivíduo chega a uma certa idade e já não rende como nos seus tempos áureos. Mais cedo ou mais tarde chega a altura fatídica, em que a rentabilidade do indivíduo deixa de compensar mantê-lo a render.
Aqui entra a grandiosa ideia do primeiro ministro enérgico e musculado. Algo de fazer corar a nossa república e as patetices de Alcochete.

No Reino Não Muito Distante, (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), todos os indivíduos que atingissem o chamado nível zero de rentabilidade seriam convidados a viver o resto das suas vidas, numas ilhotas simpáticas ao largo do Reino. Uma espécie de paraíso propositadamente construído para eles.
O convite seria feito de forma enérgica e musculada, como era aliás tudo o resto no Reino Não Muito Distante, (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha).
Nessas ilhotas simpáticas ao largo do reino muitíssimo distante, o indivíduo incapaz de render, produzir ou ser uma mais valia para a economia do Reino Não Muito Distante, (mas que ainda são aí umas duas horas a pé e a andar depressinha), teria ao seu dispor todos os pecados e prazeres que lhe haviam sido negados antes. Uma compensação pelo esforço e altos serviços prestados ao reino e ao seu primeiro ministro enérgico e musculado.
Seriam banquetes de colesterol, espreguiçadeiras de esquina a esquina, bar aberto todos as noites e com happy hours durante o dia.
Lá, os comportamentos sexuais de risco não só seriam incentivados, como até fornecidos…
Mas primeiro a lei do tabaco.