NOT IN MY NAME!

Mind the gap 
It may save your life.
Mind your own business!
It may give you one ;) 

Ter vida própria é muito importante. Uma pessoa sem vida própria é uma pessoa que só está bem a lixar a vida dos outros. Ou a pôr-se para cima à custa de rebaixar alguém.

É que é  preciso ser um tipo de pessoa muito mesquinha e com uma mente muito doentia, para pensar, que o único motivo que pode levar um homem a querer ser uma mulher, é para mais facilmente poder fazer mal a outras mulheres. Pensei que este pensamento retorcido viesse apenas de homens machistas, mas venho-me a aperceber, que há muita idiota útil neste mundo, que não só não se importa, como até gosta de ser atirada como arma de remesso, contra a malta trans do sexo feminino.

De facto, com as notícias trágicas que vemos, todas os dias, sobre o que acontece, quando travestis e transsexuais entram nas casas-de-banho das senhoras. Algumas, vejam lá, saem tão bem maquilhadas dos lavabos, que os maridos nem as reconhecem, quando voltam à mesa de jantar. Outras saem tão melhor arranjadas, que deixam o gordo, velho e careca para trás, depois de passarem 3 minutos, sob influência transformista, no WC. É um flagelo dramático! Alguém tinha que fazer alguma coisa, para acabar com esta terrível violência contra as mulheres, não é? Arranjar o que fazer, gente frustrada! 

E sem querer ser mesquinha e retorcida também, mas já que vamos ser picuinhas sobre o que é ser uma mulher…  deixem-me que vos diga, seus trambolhos, que já vi matrafonas mais femininas, no Carnaval de Torres Vedras. 

Aliás, é esse o vosso o problema, não é? Passam a vida a confundir-vos com homens. É chato. Nunca me aconteceu, mas acredito que seja, só que não é uma decisão do Tribunal, que vai resolver isso. Na minha humilde opinião, se calhar vai piorar… Até porque, com toda a franqueza, mulheres masculinas, que se vestem como homens, falam como homens e pensam como (os piores) homens, na minha casa-de-banho é que vocês não entravam de certeza.   

Porque (os piores) homens sentirem-se ofendidos e ameaçados por outros homens quererem ser mulheres, consigo entender. Eles pensam tão mal e tão pouco de mulheres, que aquelas mentes primárias não conseguem alcançar, que alguém possa escolher tal coisa. É um pontapé no ego demasiado grande para eles. Ou então é mesmo intelectualmente difícil de entender e eles são burros. Agora mulheres com este tipo de mentalidade? Vão ao médico, que isso não é normal! E, repito, FORA DA MINHA CASA-DE-BANHO! NÃO PARTILHO CASA-DE-BANHO COM VOCÊS E TENHO DITO! RUA!!!!       

Se a profissão mais antiga do mundo é aquela que a gente sabe, o cross-dressing deve ser a vontade mais antiga do mundo. Sobretudo homens que gostam de se vestir de mulheres, usar penteados bonitos, maquilhagem, saltos altos, vestidos, and so on - São sempre bem vindas na minha casa-de-banho, rainhas! (e faço uma vénia) - Vamos mesmo continuar a negar que estas pessoas existem e têm de ser reconhecidas? Aceitem que dói menos pá!  

O tipo de Jesus que eu seria

Às vezes penso naquele história do Tomé e do ver para crer e, se fosse Jesus, tinha feito as coisas de forma muito diferente.

 

Em primeiro lugar, aparecia-lhe quando ele estivesse completamente sozinho e absorto nos seus pensamentos mais aéreos, sobre aquela paixoneta especial da aldeia ou no que ia comer amanhã ao almoço. E, depois, por trás, assim à socapa e sorrateiramente: "BÚUUUH!" pregava-lhe o susto da vida dele. Até se borrava todo! Nunca mais havia de querer ver nada na vida para acreditar. Podes crer!

Há muitos, muitos anos atrás, estava com a Gorda em casa da Avó. E, depois de uma jantarada bem regada a vinho tinto e de mais uma recorrente e interminável discussão sobre o Pedro e dele ser, (claramente!), o netinho mais querido da Avó:

(Avó) - "Vocês não comecem, já vos disse que não faço distinção entre os meus netos, pelo amor da Santa, era o que mais me faltava a esta hora!"

(Eu e a Gorda) - "Ó Vó! Ó Vó! Quem é que a Avó quer enganar?! Está à vista de tudo e de todos, que a Avó tem um clara preferência pelo Pedro e é ele o menino dos seus olhos. Não adianta negar!!!"

E, fosse do calor da discussão, do peso da comezaina, ou daquela fraqueza típica provocada pelo vinho tinto, aconteceu uma coisa não rara nestas ocasiões: Adormecemos as três, mesmo à mesa. A Avó com um ar muito nobre e digno, como sempre. Eu e a Gorda nem tanto, as duas encostadas, a babar-nos uma para cima da outra. Quando, de repente, a Avó acorda e do nada começa a falar com voz grossa de homem e a dizer que é um político muito conhecido da nossa praça e falecido em circunstâncias sinistramente misteriosas, no início da década de 80. 

Ora, ao contrário do Tomé, nós não quisemos ver, nem ouvir, (nem crer no que estava acontecer), agarramos na mão uma da outra e fugimos dali pra fora a sete pés. Só paramos em casa! Debaixo da cama! Mas só eu, que a Gorda não coube :( 

Tal foi o susto, o pânico, o verdadeiro horror, que no dia seguinte tivemos de voltar a casa da Avó, porque aqui a medricas, na aflição da fuga, deixou ficar o telemóvel para trás. Cheguei até a pensar que fosse tudo um esquema da Avó, só para poder cuscar o meu telefone. Só que não! A Avó estava envergonhadíssima e fartou-se de pedir desculpas! E que não nos queria assustar, e nós somos impressionáveis e fumamos ganzas, a Gorda, pobrezinha, às porcarias que ela come, até lhe podia ter dado uma sulipampa cardíaca, ou pior, um desatino intestinal! Jurei pra nunca mais! 

Em defesa da Avó, ela nunca mais encarnou ninguém à nossa frente. E é claro que continuamos a ir jantar a casa da Avó, mas ficar lá a dormir? Nem pensar!!! Enquanto lhe dá para baixar um político da nossa praça, falecido em circunstâncias muito misteriosas, ainda vá, mas olhem se lhe dá para baixar no estripador de Lisboa ou naquele psicopata que atirava as pessoas do aqueduto das águas livres. A Avó mora num 6º andar! É que nem pensar!

Foi também por esta altura que tive aquela que foi, muito provavelmente, a ideia mais estúpida da minha vida. E olhem que já tive muita ideia estúpida nesta vida, mas inscrever-me em Medicina Legal, foi a pior delas. É que podia ter passado toda a minha vida sem saber a diferença entre uma testa que levou um tiro à queima roupa e outra que levou um tiro mais de longe; Ou como fica a cabeça de uma criança, depois de atravessar o vidro da frente de um carro - ponham lá os cintos às crianças, seus anormais!

 

Nunca pensei que fosse este o tipo de merdas que se aprendesse em Medicina Legal. Depois não admira que aquela gente seja toda meia chanfrada.

O nosso Professor, não satisfeito com as atrocidades com que nos mimava nas aulas, um dia levou-nos a todos a uma visita pelo IML, aqui em Lisboa. Visitávamos nós aquele "museu" de morte e doença, e eis senão quando, o Professor enfia conosco numa sala minúscula, cheia de gavetões frigoríficos por todo lado. Abrindo um deles, saca de lá um cadáver - a etiqueta no dedão grande do pé da falecida com o nome de Luísa - e com os nós dos dedos começa a bater ao de leve na perna da Luísa e a dizer: "Estão a ver como está duro e congelado, noc noc, noc noc". E não satisfeito, dizia para nós, tal qual Jesus a São Tomé: "Toquem, façam noc noc também, para verem como está bem duro e congelado". E nós todos, muito agoniados e incomodados com tudo aquilo, tal qual São Tomé a Jesus, respondíamos: "Deixe estar Stôr, dá para ver que está mesmo congelado e duro, não é preciso, ponha isso lá para dentro mas é, antes que comece aí a derreter..." Mas o homem não desistia e insistia: "Olhem, olhem, noc noc, noc noc", na perna da coitada da Luísa. Vi-me obrigada a fazer-lhe uma festinha na perna, só para o calar e parar com aquele freak show. Acho que foi a merda mais mórbida e deprimente que já passei na vida. E nem precisava. Era uma cadeira opcional. Podia ter feito Penal de Empresa ou Fusions and Aquisitions, que mesmo que não tenha interesse nenhum é sempre uma coisa gira de se dizer. O que é que me passou pela cabeça?!