E nunca é bonito de se ver...
Imaginem um jogo de futebol entre o Canelas e o Benfica, sem árbitro - e sem polícia, claro - em que o Canelas pudesse demonstrar toda a sua "classe" e "criatividade". Quem é que acham que ganhava? O Canelas. E até vos digo o resultado: São seis golos para o Canelas e onze aleijadinhos para o Benfica.
No baixo nível é a mesma coisa, também ganho todas! Com a mão na anca e a minha voz de peixeira, nunca perdi nenhuma "guerra" de baixo nível - são muitos anos a virar sardinhas! O difícil é ganhá-las no nível master, a respeitar as regras todas e sem perder a vergonha na cara.
Já lá diz o ditado: pago 1000 para não entrar numa guerra, porque sei que depois faço coisas de que me arrependo, para não a perder :(
Acho que é por isso que escrevo, para controlar o baixo nível. A Agustina Bessa Luís dizia que escrevia para provocar pessoas inteligentes - sem esquecer que detestava os estúpidos e mal-intencionados. Era a maior!
E numa revista aparecia um escritor americano qualquer, a dizer que escrevia para ultrapassar o medo da morte. Estranho?! Sempre achei que escrever, ler, ouvir música, ir ao cinema ou ver televisão, não ajudavam a ultrapassar medo algum, apenas te distraíam deles. Pensar mais nos outros, (que também vão todos morrer um dia), ou rezar, para quem acredita, sempre achei que ajudasse mais...
A verdade é que também gostava de poder dizer estas coisas bonitas: que escrevo para pôr as cabeças pensantes a bulir ou para ultrapassar um medo terrível e angustiante qualquer. Mas, o meu caso, é mais aquele do poeta, que dizia assim:
"Tudo o que escrevo é lixo, mas se não escrever, começa a apodrecer na minha cabeça".
Ora, com franqueza, não era isto que tinha em mente, quando, com tanto carinho, criei este blogue, mas tirando o cheiro, há que reconhecer, que uma lixeira a céu aberto, foi no que isto deu.
E dentre as várias coisas que me fazem saltar a tampa do baixo nível, é o preconceito em geral e o racismo em particular. Sobretudo aquela conversa do "Eu não sou racista, porque o meu melhor amigo até é negro, soo CHECKMATE!", ou o primo ou o gato ou lá o que é...
Ó coisinhas (pouco) sexys! É claro que são! São racistas com um melhor amigo, (ou primo, ou gato, ou lá o que é), que é negro, mas são racistas sim senhora! E são muito hipócritas e cobardes também.
Mas o que mais me enerva mesmo nesta história, nem é o desplante da hipocrisia ou o racismo mascarado, é a falta de originalidade (e noção do ridículo). Podiam dizer:
- "Não sou racista, porque faço zumba no ginásio, soo GOTCHA YOU!";
- Ou: "Não sou xenófoba, porque compro toda a minha maquilhagem nos chineses, soo YOU'RE THE RACIST!";
- Ou ainda: "Sou a pessoa menos intolerante do mundo, porque fui uma vez a um safari no Quénia, vi uma senhora sem soutien e dei-lhe o meu, sooo SUCK IT!!".
Sim, não passavam a ser menos racistas de merda por causa disso, mas sempre era diferente e mais divertido. Até era capaz de deixar passar.
E, para fim de conversa, deixem-me que vos diga: se para provarem o vosso antirracismo, precisam de invocar o vosso amigo preto ou cigano, o que vocês têm não é um "amigo". É um álibi. E nem sequer é muito bom - o álibi, entenda-se, o amigo não sei, se calhar é só otário.